
Com 11,6% da audiência televisiva em fevereiro, plataforma do Google lidera ranking da Nielsen e inaugura nova era do consumo de vídeo. Agora também na sala de estar
O YouTube assumiu o topo do ranking de distribuidores de conteúdo televisivo nos Estados Unidos em fevereiro, segundo dados divulgados pela Nielsen. A plataforma foi responsável por 11,6% de todo o tempo de uso de TV no país entre 27 de janeiro e 23 de fevereiro de 2025, superando gigantes como Disney (10%), Netflix (8,2%) e Fox (8,3%).
Esse é o segundo mês em que o YouTube lidera o ranking (a primeira vez foi em julho de 2024) e marca um recorde histórico de audiência na televisão tradicional para a plataforma do Google, que até então era mais associada ao consumo móvel.
Surpreendentemente, boa parte desse desempenho veio de um público muitas vezes negligenciado nas estratégias digitais: os espectadores com mais de 50 anos. De acordo com a Nielsen, eles representaram 36% de todo o tempo gasto assistindo ao YouTube em telas de TV, superando os 28% combinados de adolescentes e jovens adultos entre 18 e 34 anos.
TV sem fronteiras: redes sociais nas telonas
A ascensão do YouTube como líder da audiência televisiva é um símbolo de transformação no setor: o que antes era domínio das emissoras e dos streamings tradicionais, agora começa a ser disputado por plataformas sociais. O TikTok e o Instagram, de olho nesse movimento, já vêm preparando suas versões para as smart TVs, numa corrida para ocupar também o coração da casa: a sala.
Essa transição é reflexo direto de uma mudança de hábito e modelo de negócio. Enquanto os streamings investem pesado em licenciamento e produção de conteúdo, os aplicativos sociais apostam no conteúdo gerado pelos usuários, com variedade infinita e custo reduzido.
Além disso, as redes sociais têm vantagem no jogo da publicidade. Cresceram dentro de uma lógica nativa de anúncios e agora encontram, na televisão, uma nova vitrine de alta atenção e alto potencial de monetização. O YouTube, sozinho, gerou cerca de US$ 36 bilhões em receita publicitária em 2024.
Mercado bilionário e em expansão
A indústria global de streaming deve movimentar US$ 108,73 bilhões em 2025. Um número expressivo, mas ainda aquém do mercado de redes sociais, que fechou 2024 com receita de US$ 252 bilhões — o dobro. Com a chegada das redes sociais à televisão, as linhas que separavam essas indústrias estão cada vez mais borradas.
E o Brasil?
Enquanto nos Estados Unidos o YouTube já reina nas TVs, o Brasil ainda mantém a TV aberta como líder: cerca de 70% da audiência ainda consome conteúdos de emissoras tradicionais. No entanto, os apps de streaming já representam cerca de 20% da audiência e cresceram 71% desde 2021. Se o cenário norte-americano serve como espelho, é possível que as redes sociais também ganhem espaço acelerado nas telas brasileiras.
Texto: Redação TI Rio