Tivit se prepara para retornar à bolsa

A Tivit, uma das maiores companhias brasileiras de tecnologia da informação (TI), planeja voltar a negociar ações na BM&FBovespa. A expectativa é que o pedido de oferta pública inicial de ações seja entregue à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) entre abril e maio, disseram ao Valor profissionais do setor.

A previsão é que a oferta movimente cerca de R$ 2 bilhões. A Tivit é controlada pelo fundo britânico Apax, que detém 54,25% do capital. Procurada, a Tivit afirmou que não comentaria o assunto.

Esta será a segunda vez que a empresa de serviços de tecnologia vai abrir o capital. Na primeira, em 2009, levantou R$ 660,7 milhões, com a venda de 43,04% dos papéis. Um ano depois, a Apax comprou o controle do negócio e fez uma oferta pública de aquisição de ações, retirando a Tivit da bolsa. Somando as duas operações, a Apax desembolsou quase R$ 1,6 bilhão pela empresa, no seu primeiro investimento no país.

Se efetivada, a oferta pública vai marcar a quarta operação de venda conduzida pelo sócio e atual presidente da companhia, Luiz Mattar. Em 2006, o ex­campeão de tênis vendeu sua empresa de call center, a Telefutura, ao grupo Votorantim. Foi o primeiro movimento. Posteriormente, a Votorantim fundiu a Telefutura e a Tivit, criada um ano antes com a união de outras duas empresas de serviços do grupo, a Optiglobe e a Proceda. Mattar assumiu a direção dessa Tivit reforçada e liderou sua abertura de capital -­ o segundo movimento. O terceiro foi a venda para a Apax.

A oferta de ações era esperada para 2016, mas a operação não foi adiante devido às condições ruins do mercado. Em novembro, a Tivit se dividiu em duas partes. A empresa que manteve o nome original ficou concentrada em tecnologia, como centros de dados, serviços na nuvem e operações de meios de pagamento. Mattar permaneceu na presidência da companhia. Os negócios de call center e terceirização foram reunidos em torno de uma nova empresa, a Neobpo, que passou a ser conduzida pelo executivo Marco Lupi.

Com a cisão, a Tivit ficou com um faturamento anual estimado de R$ 1,8 bilhão e 7 mil funcionários. A Neopbo herdou uma equipe muito maior, de 20 mil empregados, e uma receita menor, de R$ 700 milhões.

A operação, segundo um executivo do setor financeiro, deu ao mercado uma visão mais clara do que é a Tivit, dimensionado melhor qual o verdadeiro valor da operação.

O retorno da Tivit à bolsa pode despertar a atenção do investidor para as empresas de tecnologia, um setor essencial no mercado americano de capitais, mas que nunca teve grande brilho no Brasil. Enquanto a Nasdaq, a bolsa eletrônica, conta com cerca de 3,1 mil empresas, sendo mais de 600 de tecnologia, no Brasil só seis companhias negociam seus papéis: CSU CardSystem, Linx, Positivo Informática, Senior Solution, Totvs e Valid. Além delas, há algumas empresas que estão listadas, mas não negociam ações, como Altus, BRQ e Quality Software.

As duas últimas companhias do setor a entrar na bolsa foram a Linx e a Senior Solution – ­ a primeira em fevereiro de 2013 e a segunda em março do mesmo ano. As outras quatro ingressaram, todas, em 2006. Ou seja, faz quatro anos que nenhum grupo de tecnologia abre o capital.

Com tão poucas empresas no mercado, fica difícil tratar as companhias de tecnologia como um segmento separado. As áreas de atividade são muito distintas, o que impede fazer comparações de desempenho ou estabelecer um índice confiável do segmento. Para exemplificar, a Totvs faz software de gestão, a Positivo fabrica computadores e smartphones e a Valid atua com meios de pagamento, tecnologia de identificação e certificação digital.

Entre o fim de 2013 e o início de 2014, várias companhias pareciam próximas de uma oferta pública de ações. Entre os nomes mencionados na época estavam a Aceco TI, de construção de centros de dados? a BSI e a Cast, ambas de serviços de tecnologia. Os planos, porém, não avançaram.

Um dos empecilhos é o tamanho das empresas. Poucos grupos de tecnologia conseguem, no Brasil, atingir um volume de faturamento que as credencie à bolsa. Ou apresentam um modelo de negócio inovador o suficiente para compensar o alto risco. É o que se viu com a Snap, que no início do mês ingressou na bolsa de Nova York. A despeito da falta de perspectiva de lucros futuros, os papéis da dona do aplicativo de mensagens Snapchat atingiu valor de mercado de US$ 34 bilhões.

 

Fonte: Valor Econômico
Data: 24/03/2017
Hora: 5h
Seção: Empresas
Autor: Gustavo Brigatto
Foto: ——
Link: http://www.valor.com.br/empresas/4912254/tivit-se-prepara-para-retornar-bolsa

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