Tecnologia e Design: O verdadeiro DNA das marcas que vencem

o verdadeiro dna das marcas que vencem

Você já parou pra pensar por que algumas empresas simplesmente explodem no mercado enquanto outras, mesmo com produtos parecidos, ficam patinando? A resposta pode estar bem na sua frente, ou melhor, no seu bolso. Pegue seu celular. Abra o app do seu banco digital favorito. Agora reflita: você escolheu esse banco apenas pela taxa zero ou porque a experiência de uso é muito mais simples, agradável e intuitiva do que a dos concorrentes? 

Pois é. E aqui está um dos maiores enganos que ainda vejo no mercado brasileiro: achar que design é só a cereja do bolo, aquela parte bonita que se coloca no fim para deixar o produto com cara de pronto. Spoiler: não é. E quanto antes startups, micro e pequenas empresas entenderem isso, maiores serão as chances de não entrarem nas estatísticas dos 90% que fecham as portas antes de amadurecer.

Neste artigo, quero te mostrar, com dados reais, exemplos que você conhece e números que talvez façam você repensar o seu próximo orçamento, por que tecnologia e design não são luxo, mas os pilares que sustentam marcas fortes, capazes de gerar engajamento verdadeiro e conduzir empresas ao sucesso. Mais do que isso, quero te provocar a perceber, por conta própria, o valor estratégico que uma consultoria de design pode representar para o seu negócio, seja ele qual for.

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Processo de design thinking ilustrado em cinco etapas: empatizar, definir, idealizar, prototipar e testar. 

O que os números não deixam mentir

Antes de entrar nos exemplos práticos, vale olhar para o que a ciência já comprovou. A McKinsey & Company realizou um estudo extenso com 300 empresas de capital aberto em diferentes países e setores, acompanhando suas operações por cinco anos. Foram analisados mais de 2 milhões de dados financeiros e mais de 100 mil ações relacionadas a design.

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O resultado? Empresas que colocaram o design no centro de sua estratégia cresceram, em média, 32% mais em receita e entregaram 56% mais retorno aos acionistas do que seus concorrentes. Isso não é achismo. É uma constatação baseada em dados concretos.

E esse impacto é percebido em todos os setores analisados, de tecnologia médica a bens de consumo e serviços financeiros. Independentemente do segmento, design é fator de desempenho. Design impacta o bolso.

Mas o dado que me chama mais atenção é outro: mais de 40% das empresas avaliadas admitiram não conversar com seus usuários durante o desenvolvimento de produtos ou serviços. E mais da metade confessou não ter métricas claras para avaliar a performance das equipes de design. Não é difícil entender, então, por que tantas ideias promissoras se perdem pelo caminho. Dessa forma, fica fácil entender por que tantas ideias boas morrem na praia.

Design no início, não no fim: A virada de chave

Aqui vai um papo direto, especialmente para quem está começando: design não é sobre deixar as coisas bonitas. É sobre fazer as coisas funcionarem. E funcionarem bem desde o primeiro dia. 

Quando você trata design como uma etapa final – aquele “vamos dar uma embelezada antes de lançar” – você está jogando dinheiro fora. Pior do que isso: você está construindo a casa pelo telhado. Já viu startup que lança produto sem validar com usuário real? Que desenvolve funcionalidade ninguém pediu? Que muda tudo no meio do caminho porque “descobriu” que o público queria outra coisa? Pois é. Isso acontece quando design entra tarde demais.

A abordagem design-first inverte o jogo. Você começa mapeando a jornada do usuário, entendendo dores reais, prototipando soluções rápidas e testando antes de escrever uma linha de código. O resultado? Menos desperdício, mais assertividade, estimativas de desenvolvimento mais precisas e, principalmente, um produto que as pessoas realmente querem usar.

Pensa comigo: você prefere descobrir que sua solução não resolve o problema depois de 6 meses de desenvolvimento ou depois de 2 semanas de prototipagem e testes? A resposta é óbvia. E é exatamente isso que diferencia empresas que escalam de empresas que morrem tentando.[11]

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Design bem aplicado gera resultados mensuráveis: de 15% a 90% de melhoria em métricas- chave de negócio

Cases que você conhece (e deveria estudar)

Vamos sair da teoria e entrar no mundo real. Porque uma coisa é falar que design funciona, outra é ver empresas que você usa todo dia provando isso na prática.

Netflix: Quando design é estratégia de negócio

A Netflix não virou gigante entregando DVD em casa. Virou gigante ouvindo o que o usuário precisava antes mesmo dele pedir. Lá atrás, quando todo mundo ia na Blockbuster alugar filme, a Netflix matou a dor de ter que devolver na loja. Simples assim.

Mas não parou por aí. Quando perceberam que DVD estava ficando obsoleto, lançaram streaming. Quando viram que o povo queria conteúdo original e provocante, produziram séries próprias. E em 2016, melhoraram a interface adicionando trailers curtos. Cada movimento desses foi guiado por design thinking: entender a necessidade, prototipar, testar, iterar.

Hoje a Netflix usa algoritmos e inteligência artificial pra analisar o comportamento dos usuários e produzir exatamente o que eles querem assistir. É design orientado por dados funcionando em escala absurda. Resultado? Mais de 230 milhões de assinantes no mundo todo.

Airbnb: De $200 por semana a gigante global

No começo, o Airbnb faturava míseros 200 dólares por semana. Os fundadores não conseguiam entender por que ninguém alugava os espaços. Até que fizeram uma coisa simples: foram até os usuários.

Viajaram pra cada cidade, visitaram as casas dos anfitriões, tiraram fotos profissionais mostrando todos os cômodos (não só alguns), destacaram diferenciais como piscina ou banheira. Uma semana depois, a receita dobrou.

O que mudou? Eles aplicaram empatia de verdade. Colocaram-se no lugar de quem estava procurando um lugar pra ficar e perguntaram: “O que EU ia querer ver?”. Foi design thinking raiz: observar, entender, prototipar, testar. E funcionou.

Nubank: A Revolução Roxa Brasileira

O Nubank não se tornou o maior banco digital da América Latina porque tinha tecnologia de ponta (embora tenha). Ele explodiu porque colocou o design e a experiência do usuário no DNA da empresa desde o dia zero.

Os fundadores viveram na pele a burocracia e as taxas abusivas dos bancos tradicionais brasileiros. Daí nasceu a proposta: simplificar a vida financeira das pessoas e dar controle real sobre o dinheiro delas. Tudo pensado desde o início com foco no usuário: A linguagem do aplicativo, o tom de voz, o “cartão roxinho”, tudo foi pensado para ser acessível, direto e humano. 

O Nubank adotou metodologia de experimentação constante. Eles testam absolutamente tudo com usuários reais antes de lançar – desde a narrativa até as mecânicas de gamificação, como abrir baús e completar missões. Esse ciclo de test & learning acelera o desenvolvimento e garante que cada funcionalidade realmente resolve uma dor.

Resultado? Mais de 70 milhões de clientes em poucos anos e uma empresa avaliada em bilhões de dólares. E veja bem: não foi só a tecnologia que fez isso. Foi a combinação de tecnologia com design estratégico desde o início.

GE Healthcare: Design salvando vidas (e negócios)

Aqui vai um case emocionante. A GE Healthcare percebeu que as crianças tinham pavor de fazer ressonância magnética. Elas choravam, ficavam traumatizadas. O designer Doug Dietz se colocou literalmente no lugar das crianças.

Ele transformou o ambiente de exames. As máquinas viraram “navios piratas” com cenários de praias, castelos de areia e oceano. As salas escuras e frias ganharam cores e narrativas lúdicas. E sabe o que aconteceu? A satisfação dos pacientes pediátricos aumentou 90%. Além disso, a qualidade dos exames melhorou (porque criança parada não mexe durante o procedimento) e o tempo de operação diminuiu. Isso é design resolvendo um problema real, melhorando a experiência humana e, além disso, gerando eficiência operacional e redução de custos para a empresa.  

Oral B: Quando menos é mais

A Oral B queria adicionar uma série de funções em sua escova elétrica: rastrear escovação, medir sensibilidade da gengiva, entre outras funções. Parecia inovador. Mas, ao ouvir os consumidores, os designers perceberam que a complexidade poderia gerar estresse 

Descobriram que escovar os dentes já era uma tarefa com alguma camada de complexidade para muita gente. Adicionar mais funcionalidades só ia gerar mais estresse e ansiedade. Então recomendaram o oposto: simplificar. Facilitar o carregamento da escova (especialmente em viagens) e mandar notificação pro celular quando precisasse trocar as cabeças, ou seja, focar na facilidade de uso.

O produto final foi mais eficiente, intuitivo e bem recebido. O design, aqui, significou clareza, e não excesso. Porque design não é sobre adicionar coisas. É sobre resolver problemas da forma mais simples possível.

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Tecnologia e Design: Um casamento perfeito

Quando tecnologia e design caminham juntos, o resultado é poderoso. A tecnologia, sozinha, pode ser fria e difícil de usar. O design, sem tecnologia, é limitado e não escala. Quando as duas áreas se unem, a mágica acontece.

O Spotify é um bom exemplo disso. Sua base tecnológica é altamente complexa, com algoritmos que processam milhões de dados para entender gostos musicais. Mas o que o usuário vê é uma interface limpa e fluida, com playlists personalizadas e descobertas semanais que parecem feitas sob medida. A tecnologia faz o trabalho pesado, enquanto o design traduz tudo isso em uma experiência envolvente e emocional.  É por isso que o Spotify tem mais de 600 milhões de usuários.[26]

A Apple é outro exemplo clássico. Steve Jobs tinha uma frase emblemática: “Design não é apenas como algo parece e como se sente. Design é como funciona”. Ele entendeu isso lá nos anos 80, quando ninguém ligava para a aparência do computador.

Hoje, a Apple é uma das empresas mais valiosas do mundo, criou um ecossistema integrado onde design, tecnologia e experiência do usuário conversam perfeitamente, tudo conectado, tudo simples, tudo intuitivo.

O erro fatal das Startups, Micros e Pequenas Empresas

Vamos falar a verdade? Muitas empresas ainda tratam design como custo, não como investimento. Colocam a identidade visual no fim do orçamento, como algo opcional. Esse é um erro grave. 

Design é investimento estratégico. E tem retorno mensurável. Empresas que aplicam design bem aumentam conversão em até 20%, retenção de usuários em 15%, reduzem tickets de suporte em 50% e elevam satisfação do cliente em até 90%. São números reais, de empresas reais, aplicando design real. 

Mas pra isso acontecer, o design precisa estar no início do processo, não no fim. Precisa participar das decisões estratégicas, ouvir o usuário, mapear jornadas, prototipar soluções, testar hipóteses. Esse ciclo iterativo economiza tempo e dinheiro porque você descobre o que funciona (ou não) antes de construir o produto inteiro.

A lógica é simples: É mais econômico ajustar um protótipo ou refazer meses de código? É mais rápido testar uma ideia com 10 usuários em uma semana ou descobrir que ninguém quer seu produto depois de seis meses de desenvolvimento? A resposta é óbvia. Mesmo assim, muitos negócios ainda escolhem o caminho mais caro e demorado. 

Outro erro clássico: não envolver o usuário real no processo. Ou pior: testar só com amigos e família, que vão falar que está tudo lindo porque não querem te magoar. Resultado? Produto que não resolve problema de ninguém. E produto que não resolve problema não vende.[14] [15] [31]

Outro erro comum é testar produtos apenas com pessoas próximas, que tendem a evitar críticas sinceras. O design thinking propõe justamente o contrário: ouvir o que é desconfortável, aprender com o erro e evoluir. Isso vale para qualquer negócio, seja uma startup de tecnologia ou uma padaria de bairro.

A Consultoria de Design Como Investimento Estratégico

Muitas vezes, empreendedores evitam contratar uma consultoria de design alegando falta de orçamento. Mas é importante colocar as coisas em perspectiva. Quanto custa desenvolver o produto errado? Quanto custa perder clientes por uma experiência ruim? Quanto custa ter uma marca que não inspira confiança? 

Agora compara isso com o custo de ter alguém especializado te ajudando a acertar de primeira. Alguém que domina metodologias, já errou antes (aprendeu com os erros dos outros), conhece boas práticas, sabe ouvir o usuário, consegue traduzir necessidades complexas em soluções simples

Ela não entrega apenas um logotipo ou um layout bonito. Entrega posicionamento, proposta de valor e uma experiência coerente entre marca, produto e cliente. E o melhor: tudo isso pode ser medido em indicadores reais – conversão, retenção, NPS, tempo de permanência e valor de vida do cliente.

Empresas que integram o design como componente central da estratégia têm 32% mais receita e 56% mais retorno aos acionistas, segundo pesquisa da McKinsey & Company, intitulada The Business Value of Design, realizada entre 2013 e 2018 com 300 empresas de capital aberto em diferentes setores e países

Design Não é Luxo. É Necessidade Competitiva

O mercado está cada vez mais competitivo e acessível. Hoje, qualquer pessoa pode lançar um produto ou serviço. A diferenciação não está mais no que se oferece, mas em como se oferece, não está mais no que você faz, mas em como você faz.

A experiência do cliente passou a ser o principal fator de decisão. Como ele se sente ao interagir com a sua marca? Ele confia? Ele recomenda? Essas respostas definem o futuro de qualquer negócio o.

Design responde todas elas. Porque design, quando bem aplicado, cria conexão emocional. E

conexão emocional gera lealdade. E lealdade gera receita recorrente. É um ciclo virtuoso.

Design responde a tudo isso. Ele cria conexão emocional, fideliza e transforma clientes em embaixadores. Por isso, se o design ainda está no fim do seu processo, talvez seja hora de repensar. As empresas que crescem mais rápido já entenderam: tecnologia e design não são acessórios. São o coração do negócio. 

Uma consultoria de design não é custo. É o investimento mais inteligente para garantir que sua empresa não seja apenas mais uma, mas uma marca escolhida, recomendada e admirada.

A escolha é sua. Agora, com os dados e os exemplos certos, você tem tudo para tomar a decisão de forma estratégica e consciente.

Fontes


McKinsey & Company – The Business Value of Design (dados sobre receita, retorno aos acionistas, abordagens de design):
https://www.mckinsey.com/capabilities/mckinsey-digital/our-insights/the-business-value-of-design

Stripe – Estatísticas de sobrevivência de startups:
https://stripe.com/resources/more/startup-statistics-you-should-know

Certiprof – Histórias de Sucesso com Design Thinking
https://www.certiprof.com/blogs/news/design-thinking-success-stories

Spotify – Usuários e base tecnológica:
https://spotify.design/article/audio-forward-ux-meeting-listeners-where-they-are


Cases detalhados com métricas (Netflix, Nubank, GE Healthcare, Oral-B): 

https://www.thoughtworks.com/pt-br/clients/Nubank (Nubank)

https://www.linkedin.com/pulse/pragmatic-design-approach-early-stage-startups-pascal-briod (abordagem design-first)

https://www.certiprof.com/blogs/news/design-thinking-success-stories (GE Healthcare, Oral-B e outros cases)

Texto: Paulo Braga Prado que é designer.

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