Startups brasileiras de IA atraem nova onda de investimentos e recolocam o país no mapa global de inovação

startups brasileiras de ia atraem nova onda de investimentos e recolocam o país no mapa global de inovação

Depois de um período de seca no mercado de venture capital, o ecossistema de startups brasileiras, especialmente as focadas em inteligência artificial, vive um novo ciclo de expansão em 2025. De acordo com reportagem de O Estado de S. Paulo, os aportes somaram US$ 1,25 bilhão apenas no primeiro semestre, superando o volume registrado em todo o ano de 2023 (US$ 1,18 bilhão) e já ultrapassando a metade de 2024 (US$ 2,25 bilhões). Esse avanço marca uma guinada significativa em relação ao tombo pós-pandemia, quando os fundos priorizaram a sobrevivência de portfólios e evitaram grandes rodadas.

A recuperação, no entanto, vem acompanhada de padrões mais rígidos. Como destacou Gerry Giacomán Colyer, cofundador da fintech mexicana Clara, em entrevista à Bloomberg Línea, investidores agora buscam startups que conciliem crescimento com disciplina financeira e operacional. Essa mudança de perfil se reflete em rodadas direcionadas a empresas que aplicam IA em setores estratégicos e já apresentam forte tração de receita.

Entre os exemplos mais emblemáticos está a Omie, que em setembro de 2025 levantou R$ 855 milhões (~US$ 160 milhões) na maior rodada do ano no Brasil, liderada pelo Partners Group. Com cerca de 180 mil clientes e um volume de R$ 35 bilhões processados por mês, a startup de ERP com soluções de fintech e IA se consolidou como aposta central de investidores internacionais. No mesmo movimento de confiança, a UME captou US$ 21,8 milhões em Série B, com apoio da Valor Capital e Bewater, para expandir seu modelo de crédito varejista baseado em IA, projetando R$ 1 bilhão em originação até o fim de 2025.

Outro destaque é a Unico, já avaliada em mais de US$ 1 bilhão, que expandiu sua atuação global ao adquirir a israelense OwnID e reforçar sua liderança em autenticação digital e biometria. A empresa reporta cerca de US$ 360 milhões em receita anual e mais de 800 clientes corporativos, consolidando-se como uma das principais referências brasileiras no setor. No segmento de infraestrutura, a QI Tech também ganhou fôlego, ao captar US$ 63 milhões em rodada liderada pela General Atlantic, ampliando sua presença em serviços de Banking-as-a-Service, seguros e câmbio.

Esse conjunto de movimentações não apenas sinaliza a volta dos aportes robustos ao Brasil, mas reposiciona o país como polo estratégico de IA e fintechs na América Latina. O desafio agora, como apontam analistas, será transformar o capital em resultados sustentáveis, equilibrando crescimento acelerado com governança, inovação e impacto real na economia digital.

Texto: Redação TI Rio

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