Projeto CIVITAS será expandido até 2028 e terá 20 mil câmeras com inteligência artificial IRIS; prefeitura aposta em tecnologia para segurança pública e gestão urbana
A cidade do Rio de Janeiro vai contar, até 2028, com o maior sistema urbano de vigilância inteligente do Brasil. O anúncio foi feito pela Prefeitura no dia 10 de julho, com a ampliação do programa CIVITAS — Central de Inteligência, Vigilância e Tecnologia, iniciativa que marca uma nova fase na política de segurança e gestão urbana da capital fluminense.
O projeto prevê a instalação de 20 mil câmeras inteligentes em toda a cidade, operadas por uma plataforma integrada baseada em inteligência artificial, capaz de cruzar informações em tempo real e gerar alertas automáticos para situações de risco, criminalidade e emergências.
Portais de fronteira e monitoramento inteligente
Um dos destaques da expansão é a implementação de 56 “portais de fronteira digital” em pontos estratégicos de entrada e saída da cidade. Esses dispositivos serão equipados com sensores de alta precisão e softwares de leitura automática de placas, inclusive clonadas, além de detectar movimentações suspeitas de veículos e pessoas.
Os portais funcionarão como barreiras digitais, conectados ao sistema central, permitindo respostas mais rápidas a crimes em andamento, além de facilitar o rastreamento de veículos envolvidos em atividades ilegais.
IRIS: inteligência artificial criada pela prefeitura
No centro do sistema está a IA IRIS, tecnologia proprietária desenvolvida pela própria Prefeitura do Rio. A IRIS utiliza visão computacional, machine learning e análise preditiva para processar imagens, sons e dados de diferentes origens.
A plataforma é alimentada por uma rede de bases de dados, incluindo Disque Denúncia, Central 1746, Instituto Fogo Cruzado e sistemas de monitoramento de transporte e iluminação pública , e é capaz de:
- Reconhecer rostos automaticamente em áreas públicas;
- Ler placas incompletas ou danificadas;
- Gerar alertas em segundos para casos suspeitos;
- Priorizar investigações com base em padrões de comportamento e histórico de ocorrências.
Segundo o governo, a IRIS também será treinada para reconhecer eventos anômalos em tempo real, como aglomerações incomuns, fugas, perseguições e interações violentas, possibilitando ações preventivas antes que o crime aconteça.
Visão de cidade inteligente
A expansão do CIVITAS é parte de uma estratégia maior de transformação digital urbana, que inclui integração com mobilidade, meio ambiente e serviços públicos. Com a nova fase, o sistema também será vinculado a painéis de gestão em tempo real para controle de iluminação pública, coleta de lixo, alagamentos e acidentes.
Debate ético e regulação
Apesar da inovação, o uso massivo de inteligência artificial em espaços urbanos levanta debates sobre privacidade, vigilância e direitos civis. A Prefeitura afirma que o sistema seguirá normas de proteção de dados e que a IRIS será operada com auditoria externa e transparência dos algoritmos, em linha com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Além disso, especialistas da área jurídica e de direitos digitais serão convidados a integrar um comitê de governança ética, que acompanhará a implementação do projeto.
Texto: Redação TI Rio