Revelado o gap da IA corporativa: ambição em alta, execução em crise

revelado o gap da ia corporativa ambição em alta, execução em crise

Dois novos relatórios lançam luz sobre a distância crescente entre o discurso e a prática da inteligência artificial no mundo corporativo. O Cisco AI Readiness Index 2025 e o Agentic AI’s Strategic Ascent, da IBM, revelam lados complementares da mesma história: a maioria das empresas quer avançar em IA, mas poucas estão realmente prontas.

Enquanto a Cisco mede a prontidão técnica, baseada em dados, redes e segurança, a IBM mede a maturidade estratégica, ou seja, a capacidade de redesenhar operações e cultura para capturar valor real. A primeira olha o chão, a infraestrutura que sustenta a IA. A segunda, o teto, a transformação organizacional necessária para que a tecnologia gere impacto. Entre ambas está o ponto cego da maioria das organizações.

Segundo a Cisco, apenas 13% das empresas globais são “Pacesetters”, aquelas com dados integrados, redes preparadas e segurança embutida em cada camada. Elas são quatro vezes mais propensas a mover pilotos de IA para produção e 1,5 vez mais propensas a gerar valor mensurável. O restante acumula o que a empresa chama de dívida de infraestrutura de IA, o atraso em GPUs, arquitetura e integração de dados que logo se traduzirá em perda de competitividade.

Ainda assim, a ambição segue em alta. 83% das organizações planejam implantar agentes de IA, e 40% esperam fazê-lo até o próximo ano. Mas a IBM mostra o outro lado dessa corrida: a falta de governança e modelo operacional para integrar agentes de forma produtiva e segura.

O relatório da IBM revela que três em cada quatro executivos ainda usam IA apenas para ganhos incrementais, e 80% dos líderes reconhecem que o verdadeiro valor da IA Agêntica só virá com modelos operacionais redesenhados para autonomia, adaptabilidade e decisão em tempo real. A mudança não é apenas tecnológica, é cultural.

A Cisco alerta que sem base técnica não há escala. A IBM reforça que sem redesenho organizacional não há valor. Um déficit técnico e outro cultural, ambos drenando o potencial da IA corporativa.

As empresas líderes, chamadas de “Pacesetters” e “Transformers”, já operam de outro modo. Tratam IA como sistema nervoso central do negócio, integrando governança, arquitetura e talento sob uma única estratégia. E colhem resultados: 90% relatam ganhos em produtividade e inovação, sendo 32 vezes mais propensas a atingir performance financeira de topo, segundo a IBM.

Em síntese, a infraestrutura defasada corrói o valor futuro da IA, e modelos operacionais rígidos impedem que agentes inteligentes entreguem o que prometem.

Executivos que ainda veem IA como “transformação digital 2.0” olham pelo retrovisor. O futuro será definido pela autonomia, confiança e decisões em escala, guiadas por sistemas que aprendem e se adaptam.

A nova disputa é estrutural, entre quem constrói o alicerce e redesenha o teto, e quem ficará preso entre os dois.

Para os C-levels, a ordem é auditar antes de escalar: eliminar ferramentas improdutivas, medir valor real e planejar 2026 com menos hype e mais disciplina.
Como defende Charlene Li, é hora de corrigir o rumo, como detalhado no artigo completo publicado no site da The Shift.

Texto: Redação TI Rio

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