Fintech brasileira lança solução em parceria com Verifone enquanto sistema é alvo de investigação americana
Mesmo sob investigação do governo norte-americano, o Pix (sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central do Brasil) acaba de romper mais uma fronteira: agora, também poderá ser usado por consumidores brasileiros em lojas físicas nos Estados Unidos. A inovação é fruto de uma parceria entre a fintech brasileira PagBrasil e a multinacional Verifone, referência global em maquininhas de cartão e soluções de pagamento.
A ferramenta permite que lojistas norte-americanos aceitem pagamentos via Pix diretamente no ponto de venda. O funcionamento é simples: o comerciante insere o valor em dólares na maquininha, que gera um QR Code dinâmico. O consumidor brasileiro, por sua vez, escaneia o código com o aplicativo bancário de sua escolha e visualiza o valor da compra convertido em reais, com o IOF de 3,5% já incluído.
A PagBrasil destaca que a operação é transparente e eficiente: além da conversão imediata, não há cobrança percentual sobre o valor, apenas uma pequena taxa fixa por transação.
A novidade promete revolucionar a experiência de compras dos milhares de turistas brasileiros que visitam os EUA todos os anos. Até então, o Pix só podia ser utilizado indiretamente, por meio de intermediários ou transações envolvendo chaves atreladas a contas brasileiras. Com a nova solução, o pagamento acontece de forma direta, rápida e digital – mesmo em outro continente.
Inovação em meio à turbulência
A chegada do Pix aos EUA ocorre em um momento delicado nas relações comerciais entre os dois países. Em 15 de julho, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) abriu uma investigação formal contra o governo brasileiro, utilizando a chamada Section 301 da Lei Comercial norte-americana de 1974.
Segundo relatório oficial do USTR, o Brasil estaria promovendo “práticas discriminatórias” no setor de serviços digitais, ao incentivar o uso do Pix como forma preferencial de pagamento, o que poderia prejudicar a competitividade de empresas privadas internacionais, como Visa e Mastercard, gigantes do setor sediadas nos EUA.
A investigação prevê consultas diplomáticas e uma audiência pública marcada para 3 de setembro de 2025, e pode resultar em retaliações tarifárias por parte dos EUA, caso Washington considere que houve violação de princípios de concorrência justa.
Pix como ativo estratégico
Desde seu lançamento em 2020, o Pix se consolidou como um case internacional de sucesso, com mais de 160 milhões de usuários e bilhões de transações realizadas mensalmente. O sistema ganhou destaque não apenas pela simplicidade e gratuidade, mas também por aumentar a bancarização e reduzir custos operacionais para empresas e consumidores.
Texto: Redação TI Rio