Petrópolis mobiliza força-tarefa para manter o supercomputador Santos Dumont

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Recentemente, informações de bastidores acenderam um alerta em Petrópolis: o supercomputador Santos Dumont, instalado no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), poderia deixar a cidade. A possibilidade foi noticiada pela Folha de S. Paulo, que apontou que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) estaria avaliando outros locais para sediar a atualização da máquina, incluída no Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA).

A principal preocupação envolve o alto consumo de energia da nova fase do supercomputador, cuja operação pode equivaler ao gasto médio de 15 mil residências. O LNCC, no entanto, esclareceu que não recusou a permanência do equipamento, mas destacou a necessidade de debater soluções de infraestrutura para viabilizar os custos associados.

Mobilização – A notícia gerou reação imediata. Prefeitura, Câmara Municipal, instituições de ensino, pesquisa e tecnologia, além de entidades empresariais, se reuniram para articular uma frente em defesa da manutenção do Santos Dumont na cidade.

“Estamos montando uma força-tarefa para que o supercomputador permaneça em Petrópolis. O LNCC foi concebido para gerir essa tecnologia, e a cidade tem condições de abrigar essa atualização. Não faria sentido retirá-lo daqui”, afirmou o secretário municipal de Governo, Fred Procópio, em entrevista ao Diário de Petrópolis.

Entre as medidas, estão a entrega de uma carta ao MCTI assinada pelo prefeito Hingo Hammes, uma mobilização coletiva com participação de instituições locais e a proposta de criação de uma Frente Parlamentar em defesa do tema. Também foi sugerida a isenção de ICMS sobre a energia consumida pelo supercomputador, medida considerada estratégica para sua sustentabilidade.

Apoios – O movimento ganhou apoio de diversas entidades Marcelo Soares, vice-presidente da Associação Comercial e Empresarial de Petrópolis (ACEP), destacou que a cidade já possui musculatura no setor de TI:

“Não podemos deixar escapar a chance de manter o supercomputador sob a administração do nosso LNCC. Petrópolis já forma mão de obra qualificada em tecnologia, que é um dos pontos mais importantes neste momento.”

Na mesma linha, o presidente do Serratec, Alexandre Macedo, ressaltou o impacto simbólico e econômico da permanência da máquina:

“O supercomputador é um ativo para todo o ecossistema que há mais de 20 anos vem se desenvolvendo na Região Serrana. Ele representa inovação, desenvolvimento social e econômico, e está ligado à própria identidade de Petrópolis.”

Segundo o Serratec, a região abriga mais de 400 empresas de TI, responsáveis por 5 mil empregos diretos e um faturamento superior a R$ 1 bilhão ao ano.

Apoio do TI Rio

O Sindicato das Empresas de TI do Rio de Janeiro (TI Rio) também se manifestou em defesa da permanência do Santos Dumont em Petrópolis. Em nota, a entidade destacou que a questão vai além da tecnologia:

“Essa não é apenas uma defesa da máquina, mas a reafirmação de um projeto estratégico de fortalecimento dos polos regionais de inovação e da integração do ecossistema de tecnologia em todo o estado. Manter o Santos Dumont em Petrópolis significa gerar desenvolvimento local, atrair talentos e investimentos, ampliar oportunidades para jovens e fortalecer toda a cadeia produtiva”, declarou Alberto Blois, presidente do TI Rio.

Em 2025, Petrópolis foi oficialmente reconhecida como Capital Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro, título que reforça sua posição como polo de inovação, pesquisa e desenvolvimento. O status abre caminho para novos investimentos, políticas públicas compartilhadas e a ambição de consolidar a cidade como referência nacional em inteligência artificial.

O que está em jogo

Um dos mais potentes supercomputadores da América Latina, o Santos Dumont tem papel estratégico em pesquisas avançadas em saúde, clima, energia e inteligência artificial. Sua atualização pode ampliar a capacidade de processamento e transformar ainda mais os resultados em soluções aplicadas a empresas, universidades e órgãos públicos.

A decisão sobre sua permanência ou possível realocação caberá ao MCTI, que até o momento não respondeu oficialmente sobre o futuro do equipamento. Enquanto isso, Petrópolis se mobiliza para mostrar que tem não apenas a infraestrutura, mas também um ecossistema tecnológico robusto e articulado para sustentar o projeto.

Manter o Santos Dumont em Petrópolis, como defendem autoridades e especialistas, não é apenas preservar um ativo científico. É garantir que a cidade siga sendo referência em tecnologia e inovação. E que o interior do Rio de Janeiro continue desempenhando papel estratégico no mapa da transformação digital do Brasil.

Texto: Redação TI Rio

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