Qual a contribuição dos Telecentros (espaços sem fins lucrativos de acesso público e gratuito com computadores conectados à Internet) para a inclusão digital?
Foi com esse objetivo que Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), realizou pesquisa nesses espaços sem fins lucrativos de acesso público e gratuito à rede.
Voltada aos programas do governo, sob coordenação do MiniCom (Gesac, Telecentros.BR e Telecentros Comunitários), a pesquisa feita in loco em todas as regiões do Brasil, incluindo as mais remotas localidades, foi apresentada pelo diretor do Cetic, Alexandre Barbosa, na abertura do evento “Diálogos Sobre Políticas Públicas e Indicadores TIC no Brasil”, que acontece em Brasília (DF).
Segundo Barbosa, o levantamento foi realizado entre novembro de 2012 e dezembro de 2013, em uma amostragem dos 5.013 dos 9.514 Telecentros cadastrados no Ministério das Comunicações, entrevistando presencialmente 608 gestores e 362 usuários e, na etapa final, marcada por entrevistas “qualitativas”, outros 22 usuários.
No momento da coleta de dados, foram registrados 22% de Telecentros funcionando precariamente, por falta de conexão, equipamentos, manutenção ou assistência técnica. “Mas 78% estavam em pleno funcionamento”, como observou o diretor da Cetic.
Perfil dos usuários
São 4,5 milhões que fazem uso contínuo dos Telecentros, acrescentou Barbosa, que traçou o perfil de seus frequentadores: estudantes do ensino médio, com idades entre 16 e 24 anos, integrantes da classe C.
“A maioria dos usuários procura os Telecentros para fazer pesquisas escolares, ao contrário do que ocorria nas lan-houses, aonde a maioria dos internautas iam para assistir a filmes e vídeos ou para jogar games”, afirmou.
Capacitação
Barbosa destacou que os Telecentros têm funcionado também como um espaço de capacitação e formação de habilidades.
“Quase metade dos usuários declarou que já fez algum curso no Telecentro, enquanto 86% já pediram ajuda ou orientação do monitor”, acrescentou, lembrando que os Telecentros contribuíram ainda para aumentar as habilidades dos usuários em lidar com as ferramentas de navegação.
De acordo com o diretor da Cetic, esse último dado é muito importante para o Brasil, que tem muita carência de habilidades no uso do computador e da internet.
Outros dados importantes, na visão de Barbosa, é que 45% dos usuários já fizeram algum curso nos locais Telecentros.
Localidades
“O fato de a maior parte dos Telecentros utilizar conexão por satélite demonstra que eles estão nos lugares certos, onde as pessoas realmente precisam desse tipo de política pública”, foi o que afirmou nesta quarta (12) o diretor de Banda Larga do Ministério das Comunicações, Artur Coimbra.
A declaração ocorreu durante o painel “Banda Larga, Infraestrutura e Acesso a TIC no Brasil”, parte das atividades do evento.
Já a secretária de Inclusão Digital do MiniCom, Lygia Pupatto, fez questão de destacar o caráter transversal e colaborativo não apenas do projeto Telecentros, mas de todas as políticas públicas de inclusão digital.
Para a secretária, “a efetividade dessas ações depende diretamente do envolvimento dos nossos parceiros, tais como os gestores estaduais e municipais, as ONGs e também diversos órgãos do Governo Federal”.
Lygia também mencionou a importância do envolvimento da comunidade para o sucesso das ações de inclusão digital. “A conexão é essencial, mas ela sozinha não faz o milagre. É preciso chegar às pessoas”, concluiu.
Meta
Ainda durante a apresentação da pesquisa, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, afirmou que o governo federal já trabalha com uma nova meta no campo das telecomunicações e inclusão digital: universalizar o acesso à internet em todo o País nos próximos quatro anos.
“Mais do que nunca, é importante entender quais são os mecanismos mais viáveis, mais rápidos e mais fáceis, e levar em conta também a questão orçamentária para executarmos esse projeto, porque o Brasil tem essa dimensão continental.
Então, não é simples fazer a universalização, mas é uma ação absolutamente importante”, declarou Bernardo.
Segundo o ministro, o objetivo do programa Banda Larga para Todos, que será lançado em breve pela presidenta Dilma Rousseff, é levar conexões de fibra óptica para aproximadamente 90% dos municípios brasileiros.
O restante das cidades será atendido por tecnologias móveis, como satélite ou rádio, levando em considerações características geográficas da região, que dificultam ou impedem a instalação de redes de fibra óptica.
“Hoje, menos da metade das cidades do Brasil possuem conexão por fibra óptica. Nós achamos que podemos aumentar significativamente esse número. Para se fazer uma comparação, é como se as cidades conectadas por fibra óptica tivessem ruas asfaltadas, enquanto as demais ainda possuem estradas de chão”, exemplificou Paulo Bernardo.
Custos
Estimativas apontam que o custo para levar infraestrutura de fibra óptica para todos os municípios seria de aproximadamente R$ 10 bilhões.
Depois, um segundo passo do programa Banda Larga para Todos será levar as redes de fibras até a chamada última milha (os domicílios), com custo estimado de R$ 40 bilhões.
“Esse valor é uma estimativa inicial. Ainda precisamos repassar as contas. Em cidades pequenas, com menos de 50 mil habitantes, podemos levar a fibra até uma central e de lá usarmos tecnologias como rádio ou 4G para fornecer internet às pessoas. Isso deixa o processo mais barato”, disse Bernardo.
Fonte:
Ministério das Comunicações
Site: Portal Brasil
Data:12/11/14
Hora: 17h08
Seção: Inclusão Digital
Autor: ——
Link: http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/2014/11/pesquisa-revela-importancia-dos-telecentros-para-populacao