
Estudo da Valor Capital Group, com apoio da McKinsey & Company, destaca o protagonismo brasileiro na integração entre inteligência artificial, blockchain e infraestrutura digital, abrindo caminho para uma nova era das finanças globais.
A pesquisa foi publicada na Exame.
O Brasil está deixando de ser apenas um exemplo de inclusão financeira para se tornar uma referência global na criação de uma infraestrutura digital coordenada, inteligente e inclusiva. É o que mostra um estudo da Valor Capital Group, em parceria com a McKinsey & Company, que analisa como o país vem consolidando uma arquitetura capaz de sustentar a próxima geração de serviços financeiros, combinando Pix, Drex, Open Finance e GOV.BR em um ecossistema coeso e interoperável.
De acordo com a matéria publicada pela revista Exame, o relatório indica que essa base tecnológica, apelidada de “Brazil Stack”, pode servir de modelo para o mundo, impulsionando uma economia digital baseada em tokenização, contratos inteligentes e blockchain.
“O que vemos é o resultado de uma década de avanços regulatórios, tecnológicos e de mercado. O Brasil está em posição única para integrar inteligência artificial, stablecoins e infraestrutura blockchain em um sistema financeiro coerente e inteligente”, afirmou Bruno Batavia, diretor de tecnologias emergentes da Valor Capital Group.
A pesquisa ressalta que o Brasil construiu, nos últimos anos, uma rara combinação de inovação pública e colaboração entre agentes privados, o que permitiu à nação tropical se tornar um laboratório global para a economia digital. O Pix, criado em 2020, já ultrapassa 78 bilhões de transações por ano e atua hoje como camada de interoperabilidade para ativos digitais e stablecoins. O Open Finance, por sua vez, conecta dados de mais de 42 milhões de consumidores em 800 instituições, automatizando e personalizando processos financeiros. E o GOV.BR , com 167 milhões de identidades digitais, oferece a infraestrutura de verificação (KYC) e conformidade (AML) em escala inédita no mundo.
O Drex e o salto para a economia programável
O estudo aponta o Drex, moeda digital do Banco Central do Brasil, como o próximo passo dessa transformação. O Drex permitirá a liquidação em tempo real de ativos tokenizados e contratos inteligentes, abrindo espaço para que o país avance rumo a um sistema financeiro programável e distribuído.
A pesquisa mostra, por exemplo, que fundos estruturados, como os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), que administram mais de 110 bilhões de dólares, poderão ser liquidados de forma automática e transparente com a chegada do Drex. Essa tecnologia permitirá redução de custos, maior segurança jurídica e integração entre mercado financeiro e blockchain.
“O Brasil é um exemplo de como uma infraestrutura digital coordenada e inclusiva pode acelerar o avanço do setor financeiro como um todo. À medida que o país experimenta com tokenização e inteligência artificial, sua experiência fornece aprendizados valiosos para a inovação futura”, destaca o relatório da McKinsey & Company.
Infraestrutura e regulação como diferenciais estratégicos
Além da robustez tecnológica, o estudo destaca que o ambiente regulatório brasileiro tem sido fundamental para o avanço do ecossistema digital. Atualmente, o país mantém mais de oito agendas ativas envolvendo o Banco Central, a CVM, a Anbima e a Fenasbac, voltadas à inovação financeira baseada em blockchain e finanças programáveis.
Segundo o relatório, essa governança coordenada é o que diferencia o Brasil de outras economias emergentes, permitindo que o sistema avance com segurança, interoperabilidade e inclusão.
Bruno Batavia reforça que o Brasil está “construindo a arquitetura para uma economia inteligente e conectada em escala nacional” e que o futuro das finanças globais será moldado pelos países dispostos a abraçar a mudança.
“À medida que outros países adotam pagamentos instantâneos, compartilhamento de dados e finanças programáveis, a trajetória do Brasil reforça a importância da regulação, da infraestrutura e da experimentação. O futuro das finanças será definido por aqueles dispostos a abraçar a mudança”, conclui o executivo.
Referência global
Com a integração entre Pix, Drex, Open Finance e GOV.BR , o país está prestes a redefinir o modo como o mundo enxerga a tokenização de ativos e a digitalização das finanças. O modelo brasileiro demonstra que inovação regulatória, tecnologia de ponta e inclusão social podem caminhar lado a lado (e não em direções opostas).
O estudo da Valor Capital e da McKinsey projeta que, mantido o ritmo atual, o Brasil poderá se tornar um modelo de interoperabilidade financeira global até o final da década, posicionando-se entre as nações que lideram a transição para a economia digital do século XXI.
TEXTO: Redação TI Rio