O jeitinho brasileiro que tenta colocar o país na corrida quântica mundial

o jeitinho brasileiro que tenta colocar o país na corrida quântica mundial

Segundo matéria publicada na revista Exame, o Brasil começa a construir caminhos próprios para participar da corrida global pela computação quântica, uma tecnologia que deve movimentar mais de 5 trilhões de dólares nas próximas décadas. O país ainda está distante dos líderes, mas já dá sinais de que pretende avançar nesse mercado em formação acelerada.

A computação quântica vem deixando de ser apenas conceito científico e se tornando uma das áreas mais promissoras da tecnologia contemporânea. De acordo com a consultoria McKinsey, o setor pode alcançar mais de 1,3 trilhão de dólares até 2035. China e Estados Unidos lideram o movimento com investimentos que ultrapassam 24 bilhões de dólares em conjunto. O Brasil tenta ocupar um lugar nessa disputa com iniciativas que vão da pesquisa acadêmica a políticas públicas.

O que é computação quântica?

A física quântica surgiu no início do século 20 para explicar fenômenos que a física clássica não conseguia. Décadas depois, seus princípios serviram de base para a criação dos computadores quânticos, que começaram a aparecer nos anos 1980. A grande diferença em relação aos computadores tradicionais é o uso de qubits, elementos capazes de assumir mais de um estado ao mesmo tempo. Isso permite realizar cálculos simultâneos em grande escala e resolver problemas que levariam milhares de anos em computadores convencionais.

Embora ainda esteja em desenvolvimento, a tecnologia já demonstrou capacidades impressionantes. O conceito de supremacia quântica descreve exatamente esse momento em que um computador quântico executa uma tarefa que seria impossível para os computadores clássicos. Os avanços chamam atenção de governos e empresas que avaliam a tecnologia como estratégica para as próximas décadas.

O jeitinho brasileiro

O Brasil ainda não domina tecnologia quântica, mas começa a se mover. O país possui pesquisadores reconhecidos internacionalmente e uma produção científica relevante. O grande desafio continua sendo transformar conhecimento em aplicações práticas. Mesmo assim, algumas iniciativas começam a despontar.

Uma delas é o desenvolvimento de um supercomputador híbrido que combina métodos quânticos e inteligência artificial. A ideia é usar algoritmos avançados para compensar limitações de hardware, o que permite resultados práticos enquanto a tecnologia quântica pura ainda amadurece. Essa abordagem segue uma tendência global conhecida como quântica aplicada.

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação prepara também novas diretrizes para incentivar investimentos, ampliar laboratórios especializados e conectar universidades e empresas. A intenção é criar uma base nacional para pesquisa e desenvolvimento na área.

Aplicações reais da computação quântica

As aplicações mais promissoras envolvem simulações moleculares para acelerar a criação de novos medicamentos, materiais inovadores e soluções energéticas. Hoje, mesmo supercomputadores precisam de semanas para realizar cálculos complexos dessa natureza. A computação quântica pode reduzir esse tempo de forma drástica.

No Brasil, empresas e centros de pesquisa já experimentam a tecnologia em estudos sobre logística, otimização de rotas, análise financeira e desenvolvimento de materiais. A Bosch tem iniciativas que combinam métodos quânticos e inteligência artificial em processos industriais. O MCTI criou ainda o Programa Ciência Quântica Aplicada, financiado com mais de 150 milhões de reais, que aproxima universidades e empresas com o objetivo de acelerar o uso prático da tecnologia.

Desafios para o Brasil

Apesar dos avanços, especialistas afirmam que o Brasil ainda enfrenta dificuldades estruturais para competir globalmente. A falta de investimentos de grande escala, a pouca infraestrutura laboratorial e a ausência de uma política nacional consolidada colocam o país em posição desafiadora.

No cenário internacional, os principais players avançam rapidamente. A China anunciou em 2024 um chip capaz de simular até 16 milhões de átomos, um salto expressivo em relação ao que existe no Brasil. Para pesquisadores brasileiros, o país não está atrasado, mas precisa agir rapidamente se quiser ocupar nichos estratégicos.

O futuro quântico brasileiro

O Brasil não está entre os gigantes do setor, mas tem potencial para participar da corrida quântica. A combinação de pesquisa científica de alto nível, incentivos governamentais e iniciativas privadas pode criar um ecossistema capaz de competir em áreas específicas.

O desafio brasileiro é transformar conhecimento em aplicação prática, algo que pode gerar ganhos expressivos em setores como saúde, energia, logística e finanças. A corrida é longa e complexa, mas o país já sinaliza que quer fazer parte dela. A matéria da Exame destaca que talvez seja justamente o modo brasileiro de encontrar caminhos alternativos que permita ao país dar passos relevantes nessa fronteira tecnológica.

Texto: Redação TI Rio

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