Nvidia aposta em Brasil e México como hubs de IA: data centers, talentos e soberania digital

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A Nvidia, hoje a empresa mais valiosa do mundo, com valor de mercado de US$ 4,28 trilhões em 29 de agosto de 2025, segundo a Bloomberg Línea, voltou os olhos para a América Latina. Em entrevista ao portal, Marcio Aguiar, diretor da divisão Enterprise da companhia para a região, destacou que Brasil e México serão os protagonistas na construção de data centers para inteligência artificial (IA), em um movimento que pode reposicionar o mapa global da inovação tecnológica.

A declaração veio na semana em que a Nvidia divulgou receita de US$ 46,7 bilhões no segundo trimestre fiscal, alta de 56% em relação ao mesmo período do ano anterior, e projetou vendas de US$ 54 bilhões para o próximo trimestre. Apesar da cautela do mercado, com queda acumulada de 4% nas ações após o anúncio, os papéis ainda acumulam valorização de 30% em 2025 e 60% em 12 meses.

Brasil e México no centro da estratégia

O Brasil continua sendo o maior mercado da região, com vantagens competitivas que incluem abundância de energia limpa, ecossistema de pesquisa consolidado e incentivos fiscais ligados ao Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA).

Já o México ganhou protagonismo com um programa de grande escala em desenvolvimento em parceria com o governo. O anúncio oficial está previsto para 11 e 12 de novembro, prevendo investimentos públicos e privados em infraestrutura, formação de engenheiros e instalação de data centers, que devem entrar em operação no segundo semestre de 2026.

Segundo Aguiar, os primeiros centros devem operar com tecnologia Nvidia em sua totalidade: “É muito provável que os primeiros data centers tenham 100% de tecnologia Nvidia”, afirmou.

Além do apoio estatal, grandes corporações mexicanas já sinalizaram interesse em integrar o plano, principalmente pela proximidade geográfica com os Estados Unidos e pelas oportunidades de nearshoring.

Hyperscalers e energia limpa: as cartas da América Latina

Embora a região ainda represente menos de 5% da receita global da Nvidia, Aguiar acredita que esse número aumentará rapidamente. O motivo? A migração de hyperscalers, como Amazon Web Services, Google Cloud e Microsoft Azure, para países latino-americanos.

A abundância de energia limpa e custos mais baixos em comparação à Europa são trunfos. “Há um movimento muito grande por parte de empresas multinacionais em migrar para nossa região”, destacou o executivo.

No caso brasileiro, soma-se ainda a reserva de minerais raros, considerada estratégica para atender à crescente demanda global por chips de alto desempenho.

Entre China, DeepSeek e a oportunidade latina

A expansão na América Latina também se explica pelo cenário geopolítico. Com restrições impostas pelos Estados Unidos às vendas de chips H20 para a China, a Nvidia aposta em mercados alternativos. Aguiar reconhece que a lacuna chinesa pode ser parcialmente preenchida pelo Brasil e pelo México, tanto por localização estratégica quanto por recursos naturais.

Ele citou ainda a DeepSeek, startup chinesa que criou modelos de IA mais eficientes com menos recursos: “Isso foi excelente para nós, porque democratizou cada vez mais o acesso às inovações tecnológicas. Muitas outras empresas vão surgir, e isso não foi nenhuma surpresa”, afirmou.

Desafios: capital humano qualificado

Apesar do otimismo, Aguiar admite que o maior desafio da região é a falta de profissionais especializados em IA. Nesse sentido, programas de capacitação serão centrais na estratégia: “Estamos apenas começando essa jornada de inovação. Não é algo ruim: é o processo normal de amadurecimento”, explicou.

Um futuro em construção

Para a Nvidia, a revolução da inteligência artificial está apenas no início. Desde a ascensão da OpenAI, em 2022, o mercado cresce em ritmo acelerado, e a visão da companhia é clara: não há limites próximos.

“Não há um limite, há um começo”, disse Aguiar. E, nesse começo, o Brasil e o México estão no centro, não apenas como consumidores de tecnologia, mas como potenciais hubs de IA globais, capazes de atrair investimentos, formar talentos, criar soberania digital e transformar a América Latina em peça-chave do futuro tecnológico.

Texto: Redação TI Rio

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