Meta fecha acordo bilionário para erguer um dos maiores data centers do mundo

meta fecha acordo bilionário para erguer um dos maiores data centers do mundo

A Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, fechou um pacote inédito de US$ 26 bilhões em dívida (aproximadamente R$ 140,76 bilhões) para construir o Hyperion, um megacentro de dados de 370 mil m², em Richland Parish, na Louisiana. O projeto, anunciado oficialmente pela companhia e detalhado em reportagem da Bloomberg, é considerado o maior data center já planejado pela empresa e um dos maiores do mundo.

O financiamento envolve uma estrutura de joint venture: o ativo será de propriedade de investidores, enquanto a Meta assina contrato de locação de 20 anos. De acordo com a Bloomberg, o arranjo inclui uma cláusula inédita para projetos de tecnologia dessa escala: a garantia de valor residual (RVG). Se o campus perder valor abaixo de um piso definido ao término do contrato, a Meta indeniza os credores. Esse mecanismo, comum em setores como aviação, mas raro em tecnologia, foi essencial para atrair capital diante do risco de obsolescência rápida em infraestrutura de IA.

Estrutura financeira inédita

Segundo o noticiado pelo Financial Times e confirmado por comunicados da própria Meta, o pacote de US$ 29 bilhões combina US$ 26 bilhões em dívida liderada pela Pimco e US$ 3 bilhões em equity aportados pela Blue Owl Capital, com o Morgan Stanley coordenando a operação. A decisão de estruturar a operação “fora do balanço” (off-balance-sheet) busca liberar espaço no balanço da Meta em meio ao ciclo mais intenso de capex em IA da história da companhia.

Especialistas ouvidos pelo Wall Street Journal afirmam que o modelo pode inaugurar um novo padrão de financiamento para a indústria de supercomputação: a combinação de contratos de longo prazo, garantias de valor e grandes investidores de crédito privado pode viabilizar a corrida por infraestrutura em larga escala sem pressionar excessivamente os balanços das big techs.

Por que a Louisiana?

Segundo autoridades locais citadas pelo The Advocate (jornal regional da Louisiana), a escolha de Richland Parish se deve à disponibilidade de grandes áreas, incentivos fiscais estaduais e acesso à energia elétrica em expansão. A Entergy Louisiana recebeu autorização regulatória para ampliar a geração e transmissão de energia, incluindo novas usinas e contratos de energia solar. A Meta também assinou um acordo com a RWE para reforçar o suprimento renovável, alinhado à sua meta de 100% de energia limpa.

Estudos preliminares estimam a criação de centenas de empregos diretos e mais de mil indiretos, além de milhares de postos durante a construção. Contudo, ambientalistas locais alertam para os riscos da sobrecarga no sistema elétrico e impactos tarifários regionais, um debate que já vem sendo acompanhado por reguladores e pela imprensa americana, como destacou a Bloomberg.

O que é o Hyperion

Nos canais oficiais da Meta, o Hyperion foi descrito como peça-chave para o treinamento de modelos de inteligência artificial de próxima geração. O complexo terá foco exclusivo em cargas de IA, com alto consumo de GPUs, refrigeração líquida e topologias de rede projetadas para suportar volumes massivos de dados.

Segundo a Bloomberg, a introdução da cláusula de valor residual é a principal inovação do projeto. Para os investidores, funciona como proteção em caso de mudanças abruptas de tecnologia. Para a Meta, representa um custo extra, mas viabiliza a captação bilionária num momento em que a empresa disputa protagonismo no mercado de IA com Google, Microsoft e Amazon.

Divergência nos custos totais

Enquanto documentos iniciais falavam em um investimento de cerca de US$ 10 bilhões, o presidente dos EUA mencionou em discurso no fim de agosto que o valor total poderia chegar a US$ 50 bilhões ao longo da década. Analistas sugerem que a diferença reflete fases distintas, obras civis, infraestrutura elétrica, rede e compra de hardware, mas a Meta ainda não confirmou um número consolidado. O que está certo, conforme os documentos apresentados aos investidores, é o pacote de US$ 29 bilhões já fechado para a primeira fase.

Impacto estratégico

O Hyperion simboliza a nova era dos data centers de IA. Maior escala, maiores riscos e mecanismos financeiros mais sofisticados. Para alguns analistas ouvidos pela Bloomberg e pela CNBC, o projeto pode se tornar referência para toda a indústria de tecnologia. Ele mostra como as big techs precisam inovar não apenas em chips ou algoritmos, mas também em modelos de financiamento capazes de sustentar a corrida global pela inteligência artificial.

No curto prazo, o megacomplexo acelera a aposta da Meta em IA generativa. No longo prazo, pode redefinir o padrão de investimento em tecnologia pesada, trazendo lições sobre como equilibrar inovação, risco financeiro, impacto ambiental e desenvolvimento regional.

Texto: Redação TI Rio

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