Mercado de TI volta a se concentrar em SP

A concentração da receita bruta do setor de software e serviços de Tecnologia da Informação (TI) em São Paulo voltou a crescer nos últimos anos. As empresas com sede no estado alcançaram 62,4% do total da receita gerada em todo o país. O índice resulta de uma evolução permanente desde 2008, quando aparecia com 53,3%. No sentido oposto o Rio de Janeiro caiu dos 20% em 2008 para 17,6% em 2013. Quando comparado em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) estadual, no entanto, houve crescimento na receita do setor, que passou de 2,5% para 3,2% no período. As informações fazem parte da “Pesquisa sobre o setor de TI no Rio de Janeiro” divulgada pelo Sindicado das Empresas do Rio de Janeiro (TI Rio).

Segundo Benito Paret, presidente da entidade, esse é o maior estudo já realizado sobre o setor com base em dados de diferentes fontes, como o IBGE, a Rais, o MEC e a Softex, englobando o período entre 2007 e 2013. Ele crê que será possível formular políticas públicas para o mercado com maior consistência. O trabalho aborda temas como salários, empregos e desempenho das empresas do setor.

O levantamento indica a existência de 33.832 estabelecimento no país, com concentração expressiva no estado de São Paulo, com 11.505. O Rio de Janeiro fica com 3.103 estabelecimentos com mais de um empregado, com crescimento médio anual de 6,4%. Por atividade principal o segmento de reparos e manutenção lidera com 9.372 estabelecimentos, desses 2.630 em São Paulo e 845 no Rio. Já a atividade de portais e provedores de conteúdo é o que mais cresce, com média anual nacional de 42,4%.

No Rio de Janeiro a pesquisa identificou de 89% das empresas têm menos de 20 empregados. Entre os 11% classificados na faixa de estrato certo (acima de 19 empregados) estão oito que concentram 66,4% da receita líquida do setor no estado.

Entre as empresas de software e serviços do estado do Rio de Janeiro, o maior crescimento percentual anual foi rei registrado no município de Campos, com 22,2%, seguido por Macaé  e Petrópolis, ambos com 10%. A capital vem na sequência com 6,3%. Rio Bonito (-18,1%) e Rio das Flores (-16,7%), registraram quedas. A concentração das empresas segue na capital, com 67,5%, seguida por Niterói, com 5%.

O diretor do TI Rio, Luiz Carlos Sá Carvalho, explica que o estudo se baseou nas classificações definidas pelo IBGE. Dessa forma, os negócios foram distribuídos em grupos formados pela ESS (empresas de software e serviços). Os dados da ESS são alocados nos estados sede das empresas. Já para as EstSS vale o local onde a atividade foi desenvolvida. Há também as empresas classificadas como estrato certo que têm acima de 19 empregados.

Formação

A pesquisa aponta ainda que a formação de profissionais qualificados em TI no estado apresentou pequeno crescimento durante o período. O número de alunos matriculados em cursos de bacharel/licenciatura em TI cresceu de 1.008 para 1.533. Já o número de tecnólogos subiu de 2.072 para 2.853. No caso do ensino médio houve queda. Passou de 18.713 alunos em 2004 para 11.873  em 2012. Já o número de cursos de bacharelado cresceu de 74 em 2006 para 86 em 2012. Porém, diminuiu a oferta de cursos para tecnólogo: de 80 em 2006 para 56 em 2012.

Em pós-graduação e pesquisa na área de ciências da computação os dados de 2009 registraram nove cursos de mestrado e três de doutorado. Sendo que 159 alunos concluíram o mestrado (17,8% dos formandos no país) e 26 o doutorado (22,6% dos formados no país).

Benito Paret afirma que a pesquisa será útil para instituições e governos traçarem políticas públicas, para os órgãos de fomento estruturarem políticas e apoio, as instituições de educação projetarem com maior clareza os tipos de cursos a ofertarem e as próprias empresas do setor se organizarem para melhor aproveitamento das oportunidades do mercado. Sá de Carvalho destacou que o estudo mostra grande heterogeneidade do setor, o que demanda diferentes tipos de atenção para cada ramo de atividade.

De acordo com Paret, é necessário, criar uma política de fomento, concentrando as compras locais nas empresas sediadas no Rio, com apoio financeiro através de fundos específicos, tratamento tributário diferenciado na cobrança do Imposto Sobre Serviços (ISS), e no Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para a banda larga. “Também é preciso um esforço de apoio às instituições de ensino para aumentar a procura de melhores candidatos e, portanto, formar profissionais de melhor qualidade”, completa.

Consultoria

Na opinião do especialista em vendas e TI da Legado Consultoria e Comunicação Gledson Santos, o mercado de softwares e serviços no Brasil apenas refletem uma tendência de contínuos anos de crescimento da área que aumenta no mundo todo, principalmente devido ao consumo desenfreado de Smartphones e tablets. “Avenda de smartphones cresce ano após ano, levando a internet para milhões de pessoas. O mercado de e-commerce viu nesse nicho uma fonte sem fronteiras de novos consumidores, sendo que cada empresa que deseja conquistar esse cosumidor aposta no desenvolvimento de softwares específicos que são os aplicativos móveis”, afirma.

“Recentemente a Aplle publicou a marca de 50 bilhões de downloads de aplicativos IOS da sua loja oficial. Se contarmos mais os sistemas Android e Windows estamos falando de mais de 100 bilhões de downloads, onde o Brasil certamente é um dos grandes  responsáveis  tanto pelo consumo e também pelo desenvolvimento desses programas”, completa o especialista.

Segundo ele, contribuindo para esse crescimento estão milhares de jovens programadores fanáticos por tecnologia e empresários que apostam nesses talentos contratando ou fazendo parcerias. “O resultado são várias pequenas empresas que se distribuem principalmente nos grandes centros urbanos, onde se concentram as universidades que oferecem especialização para as áreas de tecnologia e softwares” explica Santos.

Ainda segundo ele, as possibilidades são inúmeras e os pré-requisitos para se abrir uma empresa de desenvolvimento de softwares é praticamente o conhecimento e visão dos programadores, sem muita necessidade de recursos como locação de espaço ou empregados. “As grandes empresas de varejo já possuem em seus próprios setores de TI áreas específicas para desenvolvimento de softwares de venda para distribuição e interface através de celular com esse mercado de consumidores online que não para de crescer”.

Fonte: Jornal do Comércio
Data: 11/12/2014
Caderno: JC & Cia Seu Negócio
Autor: Naira Sales
Página: B8

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