
Diversas regiões do Estado do Rio de Janeiro já apresentam condições estruturais para se tornarem polos de desenvolvimento tecnológico. Esse é o caso do Vale do Café. A constatação não se apoia em percepções subjetivas, mas em dados consistentes do Mapeamento do Mercado de TI do Estado do Rio de Janeiro, estudo realizado pelo TI Rio em parceria com a Softex e a Riosoft. Esses dados foram apresentados ao público acadêmico durante o III Seminário Internacional de Educação, Empreendedorismo e Gestão, realizado em formato online pelo IFRJ, Campus Engenheiro Paulo de Frontin.
A palestra foi conduzida por Paulo Braga Prado, Diretor de Comunicação do TI Rio e Head de Criação e Estratégia da By3. O encontro reuniu estudantes, professores, empreendedores, gestores públicos e profissionais interessados em compreender o avanço do setor tecnológico no interior do estado. A transmissão digital permitiu que a apresentação alcançasse diretamente os alunos da instituição, reforçando como as novas tecnologias reduzem fronteiras e mostram que a inovação pode surgir de qualquer lugar do território fluminense.
Fundamentos – Segundo o mapeamento, os polos de tecnologia do interior do Rio de Janeiro surgiram a partir da combinação de quatro fundamentos estruturantes. A evolução da Região Serrana é um exemplo importante. Petrópolis avançou quando fortaleceu sua formação de talentos e diversificou sua base produtiva. Teresópolis ganhou destaque ao consolidar articulações regionais e atrair empresas especializadas. Três Rios cresceu quando conectou logística, oferta de serviços e transformação digital em desenvolvimento.
O Vale do Café aparece hoje em uma etapa semelhante à vivida por esses territórios antes de sua consolidação. A região já conta com oferta crescente de formação, empresas atuantes na área de tecnologia, mercados em transformação e eventos que aproximam atores locais da inovação. Além disso, possui vocações econômicas diretamente conectáveis ao digital, como turismo histórico, cultura, gastronomia e atividades produtivas ligadas ao campo.
O diagnóstico apresentado indica que o Vale do Café reúne os mesmos elementos que caracterizaram os polos emergentes do interior do estado no início de seus ciclos de desenvolvimento.
Oportunidades – Durante sua exposição, Paulo Braga destacou a importância de apresentar aos estudantes uma visão regionalizada do mapeamento e de tornar visível o potencial local. Ele afirmou que o evento foi muito organizado, com grande circulação de público, e ressaltou o interesse dos estudantes pela temática. “Foi muito legal participar. O público essencialmente era estudante da região e é muito bom fortalecer o mapeamento, mostrar uma visão localizada para aquele público, ainda mais porque eles estão prontos para ser um polo de muito sucesso, pela diversidade das indústrias locais que podem crescer com aplicação de tecnologia.”
As oportunidades para jovens da região incluem carreiras digitais conectadas à cadeia produtiva local. Produção audiovisual, marketing digital, desenvolvimento de sistemas, programação, design, gestão de conteúdo e áreas técnicas de tecnologia se tornam caminhos possíveis sem necessidade de deslocamento para grandes centros.
A mensagem reforçada durante o encontro foi que o desafio principal não é técnico, mas cultural. É necessário romper a percepção de que o Vale do Café não comporta carreiras tecnológicas e reconhecer que o interior do estado vive um processo de reestruturação e crescimento na área de inovação.
TI Rio levará o estudo a outras regionais com roadmaps específicos
A apresentação no Vale do Café inaugura um novo ciclo de atividades do TI Rio. A entidade levará o mapeamento às suas regionais, apresentando recortes específicos por território e construindo roadmaps de desenvolvimento com base em dados e demandas locais. O objetivo é aproximar cada região de seu próprio potencial tecnológico e fortalecer a articulação entre academia, setor privado e poder público.
O que é o Mapeamento e por que ele orienta decisões estratégicas
Realizado pelo TI Rio, em parceria com a Softex e Riosoft, o Mapeamento do Mercado de TI do Estado do Rio de Janeiro não é um estudo estático. Ele foi iniciado como um levantamento inédito, mas seu propósito é ser continuamente atualizado. Novos dados, reclassificações, aprofundamento de análises e apurações mais refinadas serão incorporados de forma permanente para orientar decisões estratégicas, identificar tendências, apoiar políticas públicas e mapear vocações regionais. É justamente esse processo vivo e cumulativo que permite identificar territórios emergentes como o Vale do Café, que agora entram no radar da economia digital do estado.
Para acessar a íntegra do Mapeamento do Mercado de TI do Estado do Rio de Janeiro, clique aqui.
Texto: Bruno Nasser