Na era da inteligência artificial (IA), grandes empresas e startups estão descobrindo que parcerias estratégicas podem gerar resultados significativos para ambos os lados, desde que a tecnologia seja vista como um meio e não como um fim. Esse foi o tom das discussões no Rio Innovation Week, um dos principais eventos de inovação do país, que ocorreu no Rio de Janeiro e contou com o Estadão como parceiro de mídia.
No painel realizado em 13 de agosto, Marcos Gurgel, cofundador da Jumpad, e Marco Cesarino, CEO da consultoria Marco-X, destacaram que a chamada inovação aberta, modelo no qual grandes empresas se conectam a startups para resolver problemas ou explorar oportunidades estratégicas, vem sendo transformada pela IA, mas mantém fundamentos que vão além da tecnologia. “Em qualquer processo, a inovação aberta também está sendo transformada por IA”, pontuou Cesarino.
Do Uber Elevate à Eve: um exemplo de sucesso
Cesarino relembrou sua experiência na Embraer X, área de inovação da fabricante brasileira de aeronaves. Em parceria com a Uber, foi desenvolvido o projeto Uber Elevate, que buscava criar um ecossistema de mobilidade aérea urbana com foco em veículos elétricos de decolagem e pouso vertical (eVTOLs). Hoje, o conceito se transformou em produto na Eve, subsidiária da Embraer. “Foi um caso de sucesso de inovação aberta porque o futuro da mobilidade estava no centro da estratégia. Isso foi antes da IA. Mas, muitas vezes, a IA é meio para um fim”, explicou.
Cultura de testes e erros – Para Gurgel, mais do que adotar tecnologias de ponta, é essencial manter uma cultura interna de experimentação. Ele afirma que empresas reconhecidas mundialmente pela inovação testam até oito vezes mais do que a média. “Seja melhoria contínua ou radical, não faz diferença. Precisamos ter cultura interna de testes”, destacou.
Parcerias que aceleram negócios
Os especialistas também ressaltaram que a inovação aberta pode ser um modelo “ganha-ganha”. Gurgel citou o caso do Anotaí, sistema de gestão de pedidos em restaurantes, que crescia 15% ao ano e passou a registrar quase 400% de crescimento após ser adquirido pelo iFood.
Ainda que nem todos os casos atinjam esse nível de expansão, o alinhamento de objetivos e a clareza no processo são fundamentais para que startups e grandes corporações colham benefícios.
Mais do que tecnologia: propósito e estratégia – O debate também reforçou que a IA e outras ferramentas tecnológicas devem servir a um objetivo maior, vinculado às áreas estratégicas de cada negócio. Para os painelistas, é esse alinhamento que sustenta projetos duradouros e de impacto , e que pode transformar inovações em soluções de mercado escaláveis.
Texto: Redação TI Rio