IBM substitui 7.800 funcionários por Inteligência Artificial e reverte decisão com novas contratações

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A gigante da tecnologia IBM, uma das principais protagonistas das ondas de demissões em massa no início de 2023, surpreendeu o mercado ao anunciar a recontratação de funcionários em áreas estratégicas após implementar soluções de inteligência artificial para substituir parte de sua força de trabalho. Em janeiro daquele ano, a empresa demitiu 7.800 colaboradores, afirmando que a automação seria responsável por preencher essas funções.

O plano inicial da IBM era ambicioso: substituir até 30% de seus postos de trabalho por sistemas de inteligência artificial, otimizando processos e reduzindo custos operacionais. O principal alvo dessa reestruturação foi o setor de Recursos Humanos. A ferramenta AskHR, desenvolvida pela própria empresa, assumiu 94% das tarefas rotineiras de RH, incluindo folha de pagamento, gestão de férias e documentação de funcionários.

De acordo com dados da IBM, o AskHR processou mais de 11,5 milhões de interações em 2024, resolvendo 94% das demandas internamente, sem necessidade de intervenção humana. Essa automatização gerou uma economia de US$ 3,5 bilhões em mais de 70 áreas de negócios, permitindo investimentos em outras frentes da empresa.

“Embora tenhamos feito uma enorme quantidade de trabalho dentro da IBM para alavancar IA e automação em certos fluxos de trabalho empresariais, nosso emprego total, na verdade, aumentou. O que isso faz é dar a você mais investimento para colocar em outras áreas”, explicou Arvind Krishna, CEO da IBM, em entrevista ao The Wall Street Journal.

Recontratações – Apesar do movimento de demissões, a IBM surpreendeu o mercado ao anunciar que o número total de funcionários aumentou após a implementação da IA. Com os recursos economizados, a empresa direcionou investimentos para engenharia de software, vendas e marketing. Embora a IBM não tenha divulgado o número exato de contratações, Krishna afirmou que o saldo foi positivo.

Esse movimento evidencia uma tendência que vai além da IBM. Empresas ao redor do mundo estão experimentando a substituição de equipes por inteligência artificial, mas enfrentam desafios para preencher lacunas em áreas técnicas e de desenvolvimento estratégico. Um exemplo recente é o Duolingo, que iniciou 2025 substituindo parte de seus funcionários por IA, mas precisou recorrer ao LinkedIn para contratar novos programadores após falhas nos sistemas automatizados.

A Transformação – A automação em grande escala não é exclusiva da IBM. Relatórios como o The Future of Jobs Report 2025, do Fórum Econômico Mundial, preveem que, até 2030, a automação pode eliminar cerca de 92 milhões de empregos globalmente. O impacto é mais severo em áreas administrativas e de atendimento ao cliente, onde chatbots e assistentes virtuais têm assumido a maior parte das interações.

No entanto, a experiência da IBM indica que a automação não representa necessariamente um saldo negativo de empregos. Ao substituir funções repetitivas e de menor valor agregado, a empresa conseguiu redirecionar investimentos para áreas de inovação e tecnologia, criando novas oportunidades de trabalho.

Automação X Trabalho humano – Com o avanço das tecnologias de inteligência artificial, o mercado de trabalho global enfrenta uma transformação inevitável. Para especialistas, a chave para o equilíbrio está na adaptação da força de trabalho às novas demandas tecnológicas. Setores como engenharia de software, ciência de dados e cibersegurança despontam como os principais alvos de contratação para as próximas décadas.

A IBM, que há mais de um século dita o ritmo da inovação tecnológica, demonstra que a automação pode ser uma alavanca para novas contratações, desde que a transição seja planejada e acompanhe o desenvolvimento de habilidades dos profissionais. O desafio, entretanto, permanece para empresas de menor porte, que não possuem o mesmo fôlego financeiro para reverter a substituição tecnológica em novas contratações.

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Texto: Redação TI Rio

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