IBM abre centro de pesquisa no país para ganhar competitividade

Empresa contará com cientistas conectados à rede global, projetando novas tecnologias para atender ao mercado local e de exportação.

Com a supervalorização do real e o alto custo da mão de obra, a inovação é a chave para o Brasil ganhar mais competitividade nos projetos de TI e enfrentar concorrentes como a Índia.

Foi esse o argumento que o presidente da subsidiária brasileira da IBM, Ricardo Pelegrini, apresentou durante a inauguração ontem à noite (29/06), em São Paulo, do primeiro laboratório de pesquisas da companhia do no Hemisfério Sul.

A IBM Reseach vai funcionar na sede da empresa na capital paulista, conectado à filial do Rio de Janeiro, integrando os laboratórios globais da companhia, que atualmente são nove ao redor do mundo, que contam com mais de 3 mil cientistas e foram responsáveis no ano passado pela criação de 5,8 mil novas patentes.

Faz 12 anos que a IBM não investe em novos laboratórios de pesquisas. Segundo Pelegrini, a companhia achava que os oito existentes atendiam às necessidades globais, mas em 2009 a companhia constatou que precisava investir na abertura de mais um e o Brasil entrou no radar da corporation para receber a nova unidade.

“A IBM fez uma concorrência para a escolha do local e o Brasil foi eleito. Somos o sexto país a ter um laboratório de pesquisas, que mercados avançados não possuem ainda, como é o caso Alemanha e Inglaterra”, comemora o executivo. Fora dos Estados Unidos, os outros cinco países que contam com esse tipo de empreendimento são China, Índia, Israel, Japão e Suíça.

Segundo Pelegrini, o Brasil foi contemplado para receber o novo IBM Research por ter sido considerado um mercado importante para a matriz. “Somos a décima operação da IBM no mundo, que acaba de completar cem anos e está no Brasil há 94 anos”, ressalta o executivo.

Contou ponto a favor da subsidiária o momento favorável da economia do Brasil, a habilidade dos talentos do mercado local e o potencial do País para pesquisas aplicadas nas áreas escolhidas pela IBM.

Áreas de pesquisa
O IBM Research do Brasil será voltado para quatro linhas de pesquisas aplicadas. São elas: soluções para descoberta e exploração de recursos naturais (como óleo, gás, mineração e agricultura); sistemas para gerenciar grandes eventos como Copa do Mundo de 2014 e Olimpíada de 2016; criação de dispositivos inteligentes no setor de microeletrônica, como aplicações de identificação por radiofrequência (RFID) para logística; e ciências de serviços, com foco no atendimento, modelagem e simulações para melhorar a qualidade das operações.

“Podemos usar novas tecnologias para resolver problemas humanos. O Brasil tem talentos para desenvolver inovação e tecnologias para um planeta mais inteligente”, considera o vice-presidente de laboratórios globais da IBM, Robert Morris, um dos presentes na inauguração da unidade de São Paulo.

O ministro da Ciência e Tecnologia (MCT), Aloizio Mercadante, ressaltou que o governo brasileiro quer ser parceiro da IBM e tem interesse nas aplicações que o laboratório da IBM está criando. Ele voltou a comentar que o Brasil precisa investir em inovação para dar um salto tecnológico e se destacar no mercado mundial, lembrando que o setor de TI local é o sétimo no ranking global com faturamento de 82 bilhões de dólares, movimentados em 2010, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom).

Primeiro produto
A IBM não revelou os investimentos no novo laboratório, informando apenas que a nova unidade tem a meta de gerar 150 empregos em cinco anos. Para iniciar as operações, a companhia já contratou 18 pesquisadores, distribuídos entre Rio de Janeiro e São Paulo, os quais atuarão conectados com os 3 mil especialistas dos nove laboratórios globais da companhia.

Entre a equipe estão três cientistas brasileiros, com experiência em pesquisas globais que estavam trabalhando nos Estados Unidos e que foram convidados a retornar ao País. Um deles é o Sérgio Borger,  que estava há 12 anos atuando no laboratório de Watson (EUA) e foi nomeado diretor de estratégias e operações do IBM Research do Brasil. Ele informa que a vantagem da nova unidade é que a IBM Brasil passa a contar com os três elos da cadeia para desenvolver novos produtos: pesquisas, desenvolvimento e testes de soluções de acordo com necessidade dos clientes.

O primeiro produto que está saindo do laboratório brasileiro é um sistema encomendado pelo governo do Rio de Janeiro para combate a enchentes. A solução desenvolvida por matemáticos simula onde choverá, qual será o volume de água e possíveis pontos de alagamentos por bairro 48 horas antes. A proposta da solução é alertar as autoridades para que tomem medidas com antecedência para evitar acidentes, como os que aconteceram no início do ano.  

“Essa solução é resultado do trabalho do laboratório, que será voltado à pesquisa aplicada para ajudar nossos clientes a resolver suas demandas”, enfatiza Pelegrini. Ele diz que o Brasil agora poderá inovar porque agora conta com P&D (Pesquisa e Desenvolvimento).

Mais fôlego para exportações
Até agora a IBM atuava no Brasil apenas com a parte desenvolvimento, que emprega 350 especialistas que ficam baseados na unidade de Hortolândia, interior de São Paulo, e produzem soluções para o mercado global.

Essa unidade ajudou a subsidiária a faturar 600 milhões de dólares com a exportação de serviços no ano passado, 20% a mais que os 500 milhões de dólares reportados em 2009. Hoje, a IBM Brasil sozinha responde por 25% dos negócios do País com offshore de TI, que no ano passado foram em torno de 2,4 bilhões de dólares, segundo balanço que acaba de ser divulgado pela Brasscom.

Como o novo braço, o presidente da IBM Brasil acredita ser possível concorrer com a Índia em projetos, que encarecem por causa do alto custo da folha de pagamento e pela desvalorização câmbio. “Não me peça mais 15 pessoas e sim um projeto”, diz Pelegrini, que acha que com pesquisa e inovação, o País poderá aprimorar gestão, logística e acelerar a entrega de soluções diferenciadas, equilibrando os gastos com mão de obra. “Esse será o segredo para ajudarmos nossos clientes”, afirma. 

Site: Computerworld
Data: 30/06/2011
Hora: 09h01
Seção: Tecnologia
Autor: Edileuza Soares
Link: http://computerworld.uol.com.br/tecnologia/2011/06/30/ibm-abre-centro-de-pesquisa-no-brasil-para-ganhar-competitividade/

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