
O Brasil pode estar prestes a se consolidar como um dos principais centros de treinamento de modelos de inteligência artificial no mundo. A avaliação é de Thomas Kurian, presidente global do Google Cloud, que vê no país condições privilegiadas de energia limpa e barata, fator cada vez mais decisivo para sustentar a infraestrutura intensiva de data centers.
Na última quarta-feira, o Google anunciou que vai instalar em sua estrutura em São Paulo os chips TPU Trillium, de sexta geração, projetados especialmente para aplicações de IA. A novidade permitirá que clientes no Brasil rodem modelos generativos e soluções corporativas com menor latência e em conformidade com exigências regulatórias locais.
Brasil no radar das big techs
Segundo Kurian, os serviços do Google Cloud já atendem nove dos dez principais laboratórios de inovação do mundo, e há conversas para que parte dessa demanda seja direcionada a data centers brasileiros. A possibilidade coloca o país em um mapa estratégico, não apenas como consumidor de tecnologia, mas como base para o armazenamento e processamento de dados globais.
A decisão de instalar os novos chips no Brasil responde tanto à busca por eficiência energética quanto ao avanço das regulações sobre dados. Setores como saúde e finanças, por exemplo, demandam maior controle e confidencialidade no processamento de informações sensíveis. “Existem empresas de saúde que querem isso porque têm registros identificáveis. Alguns bancos também estão usando esta configuração”, afirmou Kurian, em declaração destacada pela Folha de S. Paulo.
IA generativa e novos usos corporativos – Outro ponto enfatizado pelo Google é a expansão da IA generativa em mídias, com aplicações que vão além do texto. A empresa já oferece ferramentas para criação de imagens, vídeos e áudios, com destaque para o Chirp, sistema que gera vozes personalizadas e vem sendo adotado em call centers como recurso de branding sonoro.
Kurian lembrou que a própria criação das TPUs, em 2015, nasceu da necessidade de suportar o crescimento das buscas por comando de voz. A expectativa agora é que o Brasil desempenhe papel importante no avanço dessa tecnologia, abrindo caminho para aplicações mais sofisticadas de IA em escala global.
Impacto para empresas e setor público
No anúncio, o Google também revelou que empresas brasileiras poderão rodar o modelo de linguagem Gemini 2.5 em seus próprios data centers, combinando o acesso à tecnologia mais recente com maior segurança e autonomia. A Serpro, estatal de TI que já usa serviços do Google Cloud, está entre as primeiras beneficiadas.
Além do setor público, a iniciativa deve atrair empresas privadas interessadas em soluções de alto desempenho com maior confidencialidade. O movimento reforça a posição do Brasil como polo estratégico em meio à corrida global por infraestrutura de inteligência artificial e mostra como energia renovável, regulação de dados e capacidade técnica podem transformar o país em um hub digital de referência mundial.
Texto: Redação TI Rio