Golpes com IA e contas falsas expõem falhas e mostram urgência de educação digital e defesa técnica no Brasil

golpes com ia e contas falsas expõem falhas e mostram urgência de educação digital e defesa técnica no brasil

A Operação Rota Falsa, deflagrada pela Delegacia de Defraudações (DDEF) da Polícia Civil do Rio de Janeiro, revelou um esquema criminoso que usava tecnologia para explorar brechas na plataforma da Uber, causando um prejuízo estimado de R$ 115 mil à empresa.

O grupo criava perfis falsos de usuários e motoristas, realizava corridas curtas pagas via Pix e, durante o trajeto, alterava o destino para cidades como Búzios ou Cabo Frio. O valor saltava de cerca de R$ 10 para R$ 700 ou R$ 800, e o falso passageiro não quitava o adicional. A plataforma arcava com a diferença e repassava o valor ao motorista, que também fazia parte da fraude.

Segundo a investigação, mais de 480 contas falsas foram criadas para burlar bloqueios e verificações. Em muitos casos, as corridas sequer eram realizadas, sendo simuladas com técnicas que enviavam sinais falsos de geolocalização. Um dos suspeitos movimentou mais de R$ 730 mil em quatro meses, apesar de declarar renda de apenas R$ 3 mil.

A Uber informou que detectou o padrão fraudulento por seus sistemas antifraude, denunciou às autoridades e utiliza inteligência de máquina para avaliar mais de 600 tipos de sinais suspeitos.

Fraudes com IA: um problema em escala crescente

Casos como este se somam a uma tendência global de uso de inteligência artificial (IA) para potencializar crimes digitais. Segundo levantamento da Veriff, 1 em cada 20 falhas em verificações de identidade já está ligada a deepfakes, e estima-se que fraudes impulsionadas por IA causem até R$ 4,5 bilhões em prejuízos no Brasil em 2025, sendo os deepfakes responsáveis por 8% desses casos.

Entre 2024 e 2025, as fraudes com deepfake cresceram 700% no Brasil, cinco vezes mais rápido do que nos Estados Unidos. Perfis sintéticos gerados por IA, vozes clonadas e vídeos manipulados têm sido usados para enganar sistemas, criar anúncios falsos e até recrutar vítimas para supostos empregos que exigem pagamentos iniciais.

A urgência de mecanismos técnicos e educação digital

Especialistas apontam que, diante desse cenário, duas frentes são igualmente necessárias:

  1. Fortalecimento técnico — empresas devem investir em sistemas de autenticação multifatorial, detecção avançada de deepfakes, monitoramento de padrões anômalos em tempo real e integração entre plataformas para compartilhar informações sobre tentativas de fraude.
  2. Educação para prevenção — tanto usuários quanto profissionais precisam aprender a identificar sinais de golpes digitais: mensagens urgentes que pedem transferências, mudanças inesperadas no valor de transações, exigência de pagamentos antecipados ou verificação de identidade em contextos suspeitos.
  3. “Não basta apenas tentar impedir a entrada do fraudador, é preciso também treinar usuários e empresas para reconhecerem a fraude antes que ela cause prejuízo”, resume um especialista em cibersegurança ouvido pela reportagem.

O próximo passo

Com a IA acelerando o ritmo e a sofisticação das fraudes, o combate exige um modelo de segurança híbrido: tecnologia avançada + cultura de vigilância constante. Assim como bancos e e-commerces adotaram novas camadas de segurança após ondas de ataques no passado, plataformas digitais, motoristas e clientes precisam aprender a se proteger de forma conjunta.

Porque, no novo cenário digital, não é mais uma questão de se você será alvo, mas de quando e se estará preparado para reagir.

Texto: Redação TI Rio

Pesquise no TI RIO