
Setor de tecnologia registra crescimento de 87% em fusões e aquisições no primeiro trimestre de 2025; novas parcerias ganham força entre pequenas e médias empresas que buscam escala, inovação e competitividade.
O mercado brasileiro de tecnologia está em plena ebulição, e empresários de TI atentos a movimentos estratégicos têm bons motivos para acompanhar de perto. De acordo com o relatório Panorama FZF Capital, o número de fusões e aquisições (M&A) no setor cresceu impressionantes 87% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024. E mais: o volume financeiro dessas operações subiu 114%, sinalizando que a consolidação voltou ao centro das estratégias empresariais no país.
Março foi o mês mais aquecido do ano até agora, com 23 transações registradas, incluindo compras internacionais no Brasil, como as das startups Nydus Systems e Shift, adquiridas pelo grupo canadense Constellation. Por aqui, gigantes como Totvs e Accenture também movimentaram o tabuleiro: a primeira concluiu a compra de duas plataformas digitais voltadas a PMEs (Quiver e VarejoOnline), enquanto a segunda abriu um novo escritório local dedicado exclusivamente a M&A.
M&A com cara de Brasil: valores moderados e foco nas PMEs
Apesar do volume expressivo, boa parte das transações no Brasil envolve valores abaixo de R$ 100 milhões e muitas sequer são divulgadas. Os setores de saúde digital, fintechs e serviços corporativos baseados em software continuam atraindo atenção e capital. Em 2024, o país registrou 1.582 fusões e aquisições, das quais 981 foram domésticas e 394 envolveram capital estrangeiro, sendo 259 dos EUA. Um número em destaque: 191 transações envolveram startups de tecnologia em 2024, um salto em relação às 145 em 2023, segundo a consultoria Questum.
Mercado global em sintonia – Esse movimento no Brasil reflete uma tendência global. De acordo com a PwC, os obstáculos que travaram o mercado de M&A nos últimos anos, como inflação alta e capital caro, vêm perdendo força. Com isso, o valor global de M&A cresceu 12% em 2024, chegando a cerca de US$ 3,4 trilhões. E a fome por novas aquisições não parece saciada: 76% dos CEOs que já fizeram grandes negócios pretendem repetir a dose, segundo levantamento da própria consultoria.
Com o avanço da inteligência artificial no centro das estratégias de crescimento, o setor de tecnologia, mídia e telecomunicações (TMT) segue sendo um dos mais valorizados para investimento, o que influencia diretamente o cenário brasileiro.
Cresce a busca por alianças estratégicas – Se fusões e aquisições ganham os holofotes, as alianças estratégicas vêm crescendo de forma silenciosa, mas poderosa. Parcerias entre empresas estão se tornando alternativas viáveis, e até preferidas, por muitas pequenas e médias empresas (PMEs) que buscam ampliar escala e competitividade sem abrir mão da autonomia.
Um bom exemplo é a união recente dos empresários Felipe Argemi (Santis) e Victor Reyes (Bruemi), que fundiram expertises com o objetivo de ajudar PMEs a se prepararem melhor para o mercado de M&A. A ideia é unir recursos, tecnologia e redes de distribuição, compartilhando riscos e custos de desenvolvimento.
Levantamento da KPMG confirma esse movimento: 58% dos executivos globais de M&A priorizam a colaboração de crescimento, apostando mais em parcerias do que em aquisições tradicionais.
Benefícios e obstáculos para as PMEs
O aumento das transações no setor de tecnologia abre oportunidades importantes para empresas de menor porte. Os principais benefícios apontados por especialistas incluem:
- Expansão rápida de mercado, com acesso a novos clientes e canais.
- Redução de custos operacionais, via economia de escala.
- Diversificação de portfólio, diluindo riscos e ganhando competitividade.
- Acesso a tecnologia e talentos, por meio da incorporação de soluções e equipes especializadas.
Mas não sem desafios. Avaliações e due diligence complexas, dificuldades de integração cultural e operacional e obstáculos no financiamento são barreiras comuns para PMEs. Mesmo assim, analistas da Questum acreditam que o novo patamar do mercado veio para ficar, e que o volume atual, cerca de 200 operações de tech por ano, deve se consolidar como a nova média.
Com um cenário mais maduro, capital circulando e interesse renovado de investidores, tanto nacionais quanto estrangeiros, o ambiente está especialmente favorável para empresários de TI que queiram crescer via M&A ou formar alianças estratégicas. Se sua empresa está de olho em escalar, diversificar ou atrair aportes, agora pode ser o momento ideal para se posicionar.
TI Rio promove encontro sobre fusões e aquisições no setor de TI
Percebendo a relevância desse movimento no mercado, o TI Rio realizou no dia 29 de abril um encontro com empresários do setor para discutir estratégias de crescimento via M&A. Conduzido pela consultoria Liberty Negócios, braço do escritório Moura Tavares, o evento apresentou um roadmap completo de fusões e aquisições, com foco em orientar empresas de tecnologia interessadas em expandir suas operações. A iniciativa integra o compromisso do TI Rio em fomentar o desenvolvimento sustentável do setor, oferecendo conteúdos relevantes e oportunidades de negócios.
Texto: Redação TI Rio