Fintech americana escolhe o Brasil como laboratório e aposta no país para virar banco completo

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Em um movimento estratégico que reforça o protagonismo do Brasil no mapa global da inovação financeira, a Jeeves, fintech americana avaliada em mais de US$ 2 bilhões, decidiu transformar sua operação brasileira no principal motor de crescimento da empresa. Segundo matéria publicada pela Bloomberg Línea, a startup quer usar o país como base de teste e desenvolvimento de novas soluções rumo a um objetivo claro: tornar-se um banco completo para empresas. Fundada em 2019, com presença em mais de 20 países e clientes como Burger King, Rappi, H&M e Hotmart, a Jeeves está apostando no Brasil como peça-chave de sua estratégia global.

A decisão não é fortuita. Segundo o CEO global Dileep Thazhmon, “a infraestrutura financeira no Brasil é única. Não dá para simplesmente adaptar o que funciona fora e esperar que dê certo aqui. Você tem que construir para o Brasil, que é um mercado muito grande”. Já o CEO da operação local, Gustavo Gorenstein, ex-PicPay, foi contratado para acelerar essa transição e liderar a equipe responsável por criar produtos sob medida para o ecossistema nacional.

Do cartão corporativo ao portfólio bancário

Nos primeiros anos, a Jeeves operava basicamente com cartões corporativos globais. Hoje, porém, a estratégia está em franca expansão. A fintech já oferece pagamentos via Pix, TED, boletos, contas empresariais remuneradas a CDI e crédito para pequenas e médias empresas. A ideia é clara: entregar uma solução bancária completa para companhias que buscam agilidade, integração e escala.

Uma das apostas mais promissoras é a implementação do VCN (Virtual Card Number) — cartões virtuais temporários voltados ao setor de turismo corporativo. A funcionalidade já é utilizada por agências como Onfly, BeFly e Copastur, e permite mais controle sobre gastos, limites personalizados por transação e menos risco de fraude. O produto foi desenvolvido no Brasil e está sendo levado a outros mercados.

Embedded finance: fintech agora em modo plataforma

Outro passo importante foi o lançamento, em 2025, de uma solução de embedded finance, que permite que empresas parceiras emitam seus próprios cartões por meio da API da Jeeves. A proposta é transformar a fintech em uma infraestrutura financeira de base. Algo semelhante ao que gigantes como Stripe ou Adyen fazem no exterior.

Além disso, a Jeeves está em processo para obter a licença de Sociedade de Crédito Direto (SDC) junto ao Banco Central, o que permitirá à empresa operar com mais autonomia regulatória e emitir produtos financeiros próprios, como FIDCs. A expectativa é que a operação brasileira represente 30% do faturamento global da empresa até 2026.

O Brasil como hub de inovação

Essa escolha da Jeeves reflete uma tendência maior: o Brasil tem se tornado um laboratório estratégico para fintechs globais, graças à sua base tecnológica robusta, ampla adesão ao digital (impulsionada por ferramentas como Pix e Open Finance) e um mercado interno com alta complexidade regulatória — que, para quem consegue superar, se torna uma vantagem competitiva global.

“O Brasil não é apenas mais um mercado. É onde conseguimos testar, adaptar e lançar soluções que muitas vezes se tornam modelo para o resto do mundo”, afirma Gorenstein.

Uma fintech com DNA global e execução local

Com clientes de diversos segmentos e integração com sistemas de ERP e plataformas de contabilidade, a Jeeves busca preencher a lacuna entre bancos tradicionais e startups de crédito, oferecendo produtos rápidos, digitais e integráveis. E ao posicionar o Brasil como centro de desenvolvimento e inovação, a fintech sinaliza que o futuro das finanças corporativas, especialmente na América Latina, pode estar sendo moldado bem aqui.

Texto: Redação TI Rio

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