
Finep e MCTI aprovam investimento de R$ 30 milhões em projeto que pode revolucionar a matriz energética nacional
O Brasil acaba de conquistar um marco estratégico para a transição energética: a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), assinou um contrato de R$ 30 milhões para o desenvolvimento do primeiro microrreator nuclear modular brasileiro (MRN). A iniciativa, aprovada com nota máxima em chamada pública voltada a projetos de baixa emissão de carbono, representa um passo decisivo rumo à ampliação da geração distribuída de energia limpa no país.
O projeto, liderado pela Diamante Geração de Energia, conta com um investimento adicional de R$ 20 milhões por parte da empresa, totalizando um aporte de R$ 50 milhões. Essa parceria inédita também envolve a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e a Terminus Pesquisa, além de nove instituições científicas nacionais, incluindo universidades e institutos de pesquisa.
Energia limpa e resiliente – Os microrreatores nucleares são projetados para ter baixa emissão de carbono, elevado padrão de segurança e mobilidade, tornando-se soluções ideais tanto para regiões remotas quanto para aplicações industriais especializadas, como data centers e infraestruturas de carregamento de veículos elétricos. Segundo a ministra Luciana Santos, “essa tecnologia pode revolucionar a forma como a energia nuclear é utilizada, com pequena pegada de carbono, alta segurança e facilidade de transporte”.
A INB, principal responsável pelo desenvolvimento do combustível nuclear, reafirma, segundo seu presidente Adauto Seixas, que a instituição está dando um passo decisivo para se tornar uma protagonista em tecnologia nuclear com sustentabilidade e autonomia estratégica, cumprindo um papel central no projeto.
Caminho para o futuro energético – O microrreator tem como objetivo atender sistemas isolados, que atualmente dependem de geradores a diesel, cuja logística e alto custo operacional representam barreiras, especialmente em regiões como a Amazônia. Além disso, o projeto poderá beneficiar setores como petróleo e gás, a Petrobras investiga uso de SMRs para estabilizar sua matriz energética, e produção de hidrogênio de baixa emissão, como já mencionado pela Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2).
O investimento também faz parte de uma estratégia nacional mais ampla. A Finep e o MCTI estão focados em estimular usos tecnológicos disruptivos, integrando energia nuclear modular ao plano de transição energética do país, que inclui fontes renováveis e inovação em sistemas de energia limpos e escaláveis.
Impacto e próximos passos – O contrato de R$ 30 milhões é apenas o primeiro passo de uma fase de pesquisa e desenvolvimento prevista para os próximos três anos. Os próximos desafios envolvem testes, certificação técnica e viabilização econômica para a replicação do microrreator em diferentes regiões e aplicações.
Especialistas apontam que o projeto coloca o Brasil na vanguarda da energia nuclear modular, alinhado a uma tendência global que busca sistemas energéticos mais seguros, menos poluentes, escaláveis e com baixo impacto socioambiental.
Com esse investimento, o Brasil reforça sua possibilidade de diversificar a matriz energética e avançar na estratégia de soberania energética. É um movimento que alinha inovação, sustentabilidade e inclusão regional no coração do debate sobre como será o futuro da energia no país.
Texto: Redação TIRio