Por: Alberto Blois, presidente do TI Rio
Nesta sexta-feira, 15 de agosto, celebramos o Dia Internacional da Informática, uma data que remete aos primórdios dos computadores eletrônicos e que hoje simboliza a força da era digital. No Rio de Janeiro, essa celebração carrega um significado duplo: se, por um lado, temos um setor em plena expansão, por outro, ainda convivemos com profundas desigualdades no acesso e no desenvolvimento de talentos, sobretudo entre a capital e o interior do estado.
O setor de Tecnologia da Informação no Brasil cresceu 13,9% em 2024, passando de US$ 49,8 bilhões para US$ 58,6 bilhões em investimentos que envolvem software, nuvem, inteligência artificial e segurança digital — desempenho superior à média global, de 10,8%. No Rio, o cenário é igualmente promissor: um levantamento do mercado apontou crescimento de 22% no segundo trimestre de 2024. No entanto, esse avanço convive com um gargalo preocupante: a falta de profissionais qualificados.
Um mapeamento conduzido pelo TI Rio, com apoio da PUC-Rio, mostrou que há forte demanda por profissionais seniores e aumento da presença feminina no setor, mas ainda persistem dificuldades para formar e reter talentos juniores, especialmente das gerações Z e Y. Esse desafio se intensifica nas regiões fora da capital, onde oportunidades são escassas, a infraestrutura é limitada e as conexões com empresas e centros de ensino são menos consolidadas.
Para reverter esse quadro, a interiorização surge como solução estratégica. Em vez de concentrar investimentos e oportunidades na capital, é preciso criar polos regionais capazes de gerar emprego, estimular inovação e reter talentos. Um exemplo concreto dessa abordagem são os polos de Três Rios, criado no final de 2024, Petrópolis, Teresópolis e Friburgo, inaugurados no primeiro semestre deste ano. Com a presença física do TI Rio e a atuação de uma liderança regional, as cidades já demonstram avanços na articulação entre empresas, universidades e o poder público, criando um ambiente mais favorável ao crescimento da tecnologia local.
Ainda assim, muito precisa ser feito. É urgente expandir esse modelo para outras regiões estratégicas como o Norte, Noroeste, a Baixada Fluminense, a Região dos Lagos e a Costa Verde. É fundamental implantar programas de capacitação técnica acessíveis, em parceria com universidades e escolas, priorizando a inclusão e a diversidade. Também é necessário que os municípios criem e fortaleçam leis de inovação, incentivem incubadoras e apoiem parcerias público-privadas que fomentem o ecossistema local. Reconhecer e premiar iniciativas tecnológicas emergentes é outro passo importante para dar visibilidade e estimular soluções criadas dentro dessas próprias comunidades. Nesse sentido, foi lançado o 1º Prêmio TI Rio de Inovação, com o intuito de impulsionar os ecossistemas criativos do Rio de Janeiro.
O Dia Internacional da Informática deve servir não apenas como marco histórico, mas como ponto de reflexão e mobilização. A verdadeira revolução digital no Estado do Rio de Janeiro só será completa quando todas as regiões, e não apenas a capital, fizerem parte dessa transformação.