Na saga consagrada de filmes “Star Wars”, um “Padawan” seria um aprendiz, que fora escolhido até os 13 anos de idade, para se tornar um Cavaleiro Jedi. Emmanuelle Richard é uma adolescente, nascida em Natal, Rio Grande do Norte, que ainda busca concluir seus estudos no Ensino Médio. Mas, diferentemente de outras meninas de sua idade, essa não é sua única preocupação. Ela é programadora e palestrante. Isso mesmo. Mesmo tão jovem ela já mostra seu potencial, palestrando para pessoas mais velhas e experientes que ela.
Aos oito anos, a jovem potiguar já frequentava os eventos de programadores com um Cavaleiro Jedi, seu pai, que sempre buscou inserir suas três filhas – Isabelle, Emmanuelle e Richelle – no seu meio de trabalho. “Ele sempre nos levava a eventos da área e era incrível ver o que os participantes faziam. O poder, o conhecimento que eles detinham e como adoravam compartilhá-los.”
Com a mesma idade seu pai a colocou em um curso de programação e web design. “Foi traumatizante. Só tinha adultos lá e todos eram homens. É raro encontrar mulheres programadoras; mais ainda, crianças que programam”. Emmanuelle conta que as aulas eram difíceis, pois se tratava de código bruto, como PHP e Java. Além disso, a adolescente achava que as coisas que eram ensinadas não faziam sentido, como por exemplo, uma calculadora que resolvia equações de segundo grau. “Eles me mandavam fazer coisas um pouco sem lógica para uma criança”.
A paixão pela programação veio mesmo na Campus Party 2015. Para ganhar um picolé, Emmanuelle tinha que fazer com que o Angry Bird pegasse um porquinho. O game tinha como objetivo mostrar a programação feita para cada ação do jogo em tempo real. “No momento em que percebi que estava programando e ao mesmo tempo jogando foi, sem dúvidas, sensacional.” Emmanuelle saiu da Campus Party decidida a fazer o seu primeiro aplicativo até o fim do ano.
Depois de muito pensar lembrou-se da “Jornada”, feira de ciência de sua escola, e a dificuldade que a organização tinha de direcionar, com eficácia, os pais de alunos para as salas em que seus filhos iriam se apresentar. “A escola afixa cartazes com a programação, distribui panfletos e disponibiliza uma pessoa na recepção para orientar, mas não é prático e, para piorar, há alterações de última hora”. Por esse motivo, ela decidiu criar o aplicativo Jornada IB, que atualiza as informações em tempo real.
Com aval da escola, Emmanuelle começou a desenvolver seu projeto, sob supervisão de seu pai, que fez questão de não pegar leve com ela. “Ele me passou várias dicas e orientações e impôs que o sistema teria várias características, pois já que eu havia decidido embarcar, que fosse com estilo! E apesar de eu insistir que ele mexesse no meu código, ele ficou só na orientação”.
Com o aplicativo pronto, Emmanuelle recebeu um retorno muito positivo da escola. “Quando mostrei o aplicativo para a diretora, ela ficou super empolgada, não acreditava que uma criança da sua escola fosse capaz de um feito desses. Ela chamou a supervisora, coordenadora, assessora de marketing, e todo mundo da “cúpula” para mostrar o aplicativo. Eu me senti nas nuvens”.
O aplicativo foi um sucesso entre as pessoas que participaram do evento, tendo 24 avaliações cinco estrelas (ótimo) e mais de 100 instalações. E tudo que a jovem Emmanuelle precisou foi foco, determinação, muito talento, um computador e internet.
A jovem programadora já palestrou em eventos como Campus Party, Flisol e PhP Experience. Em suas apresentações, Emmanuelle mostra o quanto programar pode ser fascinante e divertido e que não existe idade, gênero ou deficiência que te impeça de correr atrás dos seus sonhos.
Texto: Ricardo Guimarães
Edição: Cristiane Garcia