Computadores, aplicativos e internet moldam novo perfil do empreendedor brasileiro, com inclusão crescente entre MEIs e mulheres
O cenário da digitalização entre os pequenos negócios no Brasil atingiu, em 2025, um marco histórico. De acordo com pesquisa recente do Sebrae, o uso de computadores, aplicativos e internet se consolidou como realidade para a maioria dos empreendedores do país, refletindo um avanço consistente na adoção de tecnologias digitais, especialmente entre microempreendedores individuais (MEIs) e mulheres.
Segundo o levantamento, 76% dos pequenos negócios – entre MEIs, microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) – utilizam computadores em suas atividades diárias. O número representa um crescimento de seis pontos percentuais desde 2022, igualando o pico registrado há uma década.
Outro destaque é o avanço dos chamados aplicativos integrativos (softwares voltados à gestão ampla dos negócios). Em 2025, 47% dos empreendedores passaram a utilizá-los, número que mostra um salto de 20 pontos percentuais em comparação com 2018. O acesso à internet, por sua vez, já é praticamente universalizado: 98% dos negócios estão conectados, seja por rede própria (93%) ou de terceiros (11%).
Para o presidente do Sebrae, Décio Lima, o movimento rumo à digitalização é irreversível. “A inovação é um caminho sem volta. Os pequenos negócios, em sua maioria, estão atentos ao universo digital. A digitalização é fundamental para expandir os relacionamentos e ampliar oportunidades. O papel do Sebrae é garantir que a falta de acesso aos meios digitais não seja uma barreira”, afirmou.
MEIs puxam o crescimento
Embora ainda apresentem o menor índice de uso de computadores (62%), os microempreendedores individuais foram os que mais avançaram desde 2022, quando o número era de 55%. O salto evidencia uma crescente formalização e adesão à tecnologia nesse segmento, historicamente mais informal e com menor estrutura tecnológica.
Já entre os portes de empresa, as EPPs lideram com 96% de adesão ao uso de computadores, seguidas pelas microempresas (92%).
Mulheres avançam – A pesquisa também revelou nuances importantes no perfil dos empreendedores mais digitalizados. Enquanto homens (77%) e pessoas brancas (82%) ainda lideram em proporção absoluta no uso de computadores, as mulheres registraram o maior avanço recente: nove pontos percentuais a mais nos últimos três anos, chegando a 75% de adesão.
Entre os jovens até 34 anos, o uso de aplicativos de gestão chega a 57%, indicando uma relação mais natural com o digital entre os empreendedores mais novos. A escolaridade também se mostra um fator decisivo: entre os empreendedores com pós-graduação, 61% utilizam softwares integrativos.
Mais computadores por empresa
O número médio de computadores por empresa também cresceu. Em 2022, 55% dos negócios operavam com apenas um equipamento; em 2025, esse número caiu para 47%. Ao mesmo tempo, a proporção de empresas com três a cinco computadores triplicou, passando de 7% para 20%, elevando a média de máquinas por negócio de 2,4 para 2,8.
Quase universal – A conectividade, por fim, é praticamente total. A internet está presente em 98% dos pequenos negócios, índice que permanece estável nos últimos anos e que atravessa diferentes perfis de empreendedores. A universalização do acesso diluiu as disparidades de gênero, cor, faixa etária, setor e escolaridade no uso da internet, tornando a conectividade um aspecto comum a quase todos os negócios formais do país.
A pesquisa confirma uma tendência que vem se fortalecendo desde a pandemia de que a digitalização deixou de ser diferencial competitivo para se tornar condição mínima de sobrevivência e crescimento.
Texto: Redação TI Rio