Corrida bilionária pela IA aquece Wall Street e acende alerta de bolha, aponta Exame

corrida bilionária pela ia aquece wall street e acende alerta de bolha, aponta exame

O setor de tecnologia atravessa um momento histórico. Nos últimos meses, gigantes como Microsoft, Nvidia, Apple, OpenAI e Intel protagonizaram investimentos bilionários em inteligência artificial (IA), desencadeando o que a Revista Exame chamou de “um verão de recordes” em Wall Street. A euforia, porém, vem acompanhada de alertas crescentes sobre a formação de uma nova bolha financeira semelhante à das pontocom, no início dos anos 2000.

O destaque ficou para a Nvidia, que anunciou um aporte de US$ 100 bilhões na OpenAI. A operação, segundo analistas, pode se transformar em um motor de até US$ 500 bilhões em retornos futuros. Ainda assim, há quem veja riscos de uma “economia circular”, quando grandes empresas de tecnologia investem umas nas outras em ciclos de valorização que podem não se sustentar. Além disso, a Nvidia fechou um acordo de US$ 5 bilhões com a Intel para semicondutores de última geração, ampliando sua influência sobre toda a cadeia de IA.

A Microsoft, já parceira da OpenAI, movimentou o tabuleiro ao anunciar colaboração com a Anthropic, rival direta no mercado de modelos de linguagem. Essa decisão permitirá ao Microsoft 365 Copilot integrar múltiplos modelos de IA, oferecendo mais opções aos usuários corporativos e fortalecendo a posição da empresa como hub central no setor. Já a Intel tenta recuperar relevância: negocia com a Apple para novos investimentos em fábricas de chips, em sintonia com a política dos EUA de repatriar parte da produção estratégica de semicondutores.

O tamanho da aposta: trilhões em jogo

Os números são expressivos. Segundo a consultoria Grand View Research, o investimento privado em IA alcançou US$ 252 bilhões em 2024, um recorde histórico. Os EUA lideram esse movimento com US$ 109,1 bilhões, seguidos por China (US$ 9,3 bilhões) e Reino Unido (US$ 4,5 bilhões). Já o Stanford HAI projeta que o impacto econômico da inteligência artificial pode chegar a US$ 20 trilhões até 2030, com o mercado global saltando de US$ 391 bilhões em 2025 para US$ 1,81 trilhão em 2030.

Esse crescimento é sustentado pelo avanço das mídias generativas, categoria em que o Google, por exemplo, já oferece ferramentas de texto, imagem, áudio e vídeo. No campo corporativo, soluções como o Chirp, que cria vozes personalizadas para call centers, mostram como a IA está se tornando parte da identidade das marcas. “É uma forma de a empresa ter uma voz própria”, explicam executivos do Google Cloud.

O alerta dos bancos e críticos

Apesar da empolgação, instituições financeiras apontam riscos claros. Um relatório do Deutsche Bank estima que cada dólar investido em hardware e data centers de IA tem gerado apenas entre 30 e 50 centavos de retorno anual, um desequilíbrio que pode comprometer a sustentabilidade do setor. O investidor e pesquisador Gary Marcus classificou as avaliações atuais como “insanamente malucas”, em alusão ao excesso de otimismo.

Na mesma linha, Torsten Slok, economista-chefe da Apollo Global Management, observa uma crescente desconexão entre o valor de mercado das companhias de IA e os lucros efetivos que elas conseguem gerar. Para ele, o movimento lembra fases de “exuberância irracional” já vistas em outros ciclos tecnológicos.

Ainda assim, executivos defendem que a IA pode ser uma exceção à regra. Mark Zuckerberg, da Meta, e Sam Altman, da OpenAI, reconhecem os riscos de supervalorização, mas argumentam que os avanços tecnológicos são tão profundos que podem sustentar a escalada de investimentos.

Entre inovação e bolha

O que se vê, portanto, é um setor em ebulição. De um lado, a promessa de ganhos trilionários com a expansão da IA generativa e o uso de chips cada vez mais poderosos. De outro, o receio de que o ritmo acelerado de aportes esteja inflando expectativas além do razoável. Como conclui a Exame, a corrida pela inteligência artificial tornou-se o motor de Wall Street em 2025, mas também o maior teste para medir até onde vai a resiliência do mercado diante do risco de uma nova bolha tecnológica.

Texto: Redação TI Rio

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