Profissionais de TI especialistas em recursos humanos falam sobre a experiência de trabalhar fora do Brasil.
Por Andrea Giardino, da Computerworld
18 de dezembro de 2009 – 07h00
Quando em 2007, Fernando Birman recebeu o convite para ocupar o cargo de diretor mundial de estratégia da Rhodia na França, não pensou duas vezes. Deixava o posto de CIO para a América Latina e uma carreira de 21 anos na Rhodia Brasil para alçar voos mais altos. Hoje, há mais de dois anos fora do País, o executivo reconhece que não tem plano de voltar tão cedo.
“A experiência internacional tem vários ganhos, entre eles o componente de enriquecimento pessoal, que vale para todos os níveis hierárquicos”, afirma. Apesar da economia brasileira viver um de seus melhores momentos e ser o centro das atenções em relação ao resto do mundo, Birman acredita que se há duas proposta, em iguais condições, aqui e fora, optar por um período no exterior significa uma vantagem inigualável.
Entre os pontos que o executivo destaca estão o conhecimento de uma nova cultura, aperfeiçoamento profissional, aumento da capacidade de relacionamento e liderança, em alguns casos. “Sempre funciona como um ritual de aprendizado”, diz.
Para Birman, da mesma forma que o Brasil vai oferecer novas oportunidades, atraindo técnicos e executivos de volta com a experiência adquirida, também abrirá as portas para que brasileiros altamente capacitados sigam para Europa e Estados Unidos. Movimentação que deve provocar uma “diáspora”, como define.
“Nossos talentos estão cada vez mais valorizados pelas empresas lá fora”, afirma o diretor da Rhodia. O executivo aposta que permanecer na Europa significa estar perto do centro de excelência do conhecimento em TI. “As coisas acontecem ao meu redor, ganho uma mobilidade fantástica se há reuniões na Inglaterra, Alemanha ou Suíça, porque estou perto”.
Assim como Birman, muitos profissionais apostam na experiência internacional como forma de impulsionar a carreira. De acordo com a diretora da consultoria de transição de carreira Right Management, Matilde Berna, com o processo de globalização e internacionalização das empresas brasileiras, esse movimento de transferência para outros países ou de expatriação se intensificou.
Mas Matilde alerta que nem sempre ter experiência internacional significa um diferencial para o currículo. “Morar em outro país não deixa de ser uma vivência rica tanto no aspecto pessoal quanto para a carreira. No entanto, o lado negativo é focar apenas em um tipo de cultura e realidade”, observa. Para ela, a vantagem de quem tem um cargo que exige constantes viagens para unidades em diversos locais, permite transitar em um número maior de culturas.
Pedro Henrique Santana, 28 anos, é um exemplo de quem busca essa multiplicidade. Há 10 meses na Líbia, foi atraído pela possibilidade de ascensão na carreira. Chegou como analista de suporte técnico da Construtora Queiroz Galvão, empresa onde já trabalhava no Brasil. Em pouco tempo foi promovido a administrador de redes e deu um novo salto este mês, passando a ocupar o cargo de coordenador de TI.
Aprendeu a dominar o inglês e o árabe, embora reconheça que logo ao desembarcar naquele país enfrentou um grande choque cultural. “Não é uma mudança fácil, ainda mais que não sei o que acontecerá comigo quando retornar ao Brasil”, afirma. Com um contrato de quatro anos para permanecer no país de origem mulçumana, Santana tem a meta de ficar por lá metade deste tempo. “Pretendo ir para alguma outra unidade, talvez para a Índia”, revela.
Quanto à experiência, acredita ser uma chance ímpar de crescimento. “Em menos de um ano mostrei meu potencial, tanto que fui promovido duas vezes”, diz. “Se eu estivesse no Brasil, certamente levaria de dois a quatro anos para chegar onde cheguei”. Sobre o futuro, embora incerto, tem a certeza que jamais será visto da mesma forma. “As pessoas me olharão com outros olhos”, completa.
Site: Computerworld
Data: 18/12/2009
Hora: 07h
Seção: Carreira
Autor: Andrea Giardino
Link: http://computerworld.uol.com.br/carreira/2009/12/17/confira-os-pros-e-os-contras-em-fazer-carreira-internacional/