
A transformação promovida pela inteligência artificial no mundo corporativo já não se limita às grandes empresas ou a setores altamente técnicos. Cada vez mais acessível, a IA começa a impactar áreas tradicionalmente humanas, como o RH, e chega agora às microempresas com uma proposta ambiciosa: automatizar a gestão de pessoas, mesmo quando não há um departamento de recursos humanos.
Um exemplo emblemático dessa mudança é o lançamento de uma solução brasileira que leva a inteligência artificial para dentro do WhatsApp, atuando como um verdadeiro assistente de RH. A proposta é simples e poderosa: permitir que pequenos empreendedores, que muitas vezes acumulam múltiplas funções no dia a dia, possam contratar, treinar e gerenciar seus colaboradores sem precisar sair do aplicativo de mensagens mais popular do país.
Com poucos toques ou comandos de voz, o sistema é capaz de receber pedidos como “contratar um vendedor para minha loja”, cruzar dados comportamentais e geográficos, indicar candidatos e iniciar automaticamente os processos de onboarding e solicitação de documentos. Mais do que automatizar o recrutamento, a plataforma cuida de rotinas como marcação de férias, adiantamento de salário, controle de reembolsos e até sugestões de capacitação personalizadas, tudo em linguagem natural e via chat.
Esse tipo de solução representa um marco importante na aplicação prática da IA em empresas de menor porte, especialmente aquelas com até 30 funcionários, que historicamente enfrentam dificuldades para estruturar processos de RH. “Contratar errado custa caro”, já alertam especialistas, e o custo de um erro pode chegar a oito salários por funcionário, um prejuízo significativo para empresas em fase inicial ou com margens apertadas.
Além da economia com rotatividade e retrabalho, há ganhos na eficiência, no engajamento e na formalização de processos que, até então, eram feitos de forma improvisada, quando eram feitos. A ideia é permitir que a IA não substitua o empreendedor, mas atue como um braço operacional confiável, liberando tempo e energia para decisões mais estratégicas.
Embora desenvolvida pela HR Tech brasileira Sólides, a iniciativa transcende a lógica de produto de uma empresa específica e sinaliza uma tendência mais ampla: a democratização da inteligência artificial nas rotinas empresariais. Se antes era necessário contratar softwares caros, com longas curvas de aprendizado, agora o gestor de uma microempresa pode, literalmente, resolver questões de RH entre uma venda e outra, no mesmo aplicativo em que se comunica com clientes, fornecedores e familiares. Pelo menos, é o que a solução promete.
Texto: Redação TI Rio