
Desde a última terça-feira (21), o setor de tecnologia do Estado do Rio de Janeiro passou a ter sua dimensão registrada em números e dados mensuráveis.
O Mapeamento do Setor de Tecnologia da Informação do Estado do Rio de Janeiro 2025, lançado no prédio RDC da PUC-Rio, oferece uma radiografia inédita e detalhada do ecossistema fluminense de inovação, revelando sua força, seus desafios e suas perspectivas de crescimento.
O evento reuniu empresários, representantes da academia, autoridades públicas e lideranças de todas as regiões do estado em um momento simbólico de integração entre capital e interior, marcando um passo decisivo na consolidação do Rio como referência nacional em tecnologia e inovação.
Para o presidente do TI Rio, Alberto Blois, o lançamento representa um marco histórico para o setor. Ele destacou que o estudo é relevante por integrar, pela primeira vez, um conjunto de dados amplos e atualizados sobre o ecossistema fluminense.
“Este é um trabalho que sintetiza o esforço coletivo de um setor que não para de evoluir. Ele mostra onde estamos, para onde podemos ir e como devemos agir para continuar crescendo. É um instrumento de direção e também de responsabilidade”, afirmou Blois.
Números do setor
O estudo mostra que o Rio de Janeiro responde por mais de 14% dos empregos em tecnologia da Região Sudeste e se mantém entre os três estados com maior número de empresas do setor no país. As empresas fluminenses representam cerca de 10% da arrecadação nacional em serviços de TIC, e o crescimento do setor chegou a 9,28% no período pós-pandemia, sinalizando uma retomada consistente. Além disso, o número de startups aumentou mais de 600% na última década, reforçando o dinamismo e a capacidade empreendedora do estado.
Os números também revelam pontos de atenção que exigem políticas públicas direcionadas. O estudo aponta desequilíbrios na infraestrutura geral e de conectividade, a necessidade de qualificação e retenção de talentos e a importância de ampliar a integração entre empresas, academia e governo, aspectos que demandam atenção para fortalecer ainda mais o ecossistema fluminense. Esses dados reforçam a urgência de estratégias de longo prazo e de uma maior articulação institucional entre os diversos atores do setor.
Essa perspectiva foi destacada pelo subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Prefeitura do Rio, Gabriel Medina, que ressaltou o papel do estudo na formulação de políticas mais eficazes e na diversificação econômica do estado.
“A gente não faz política pública sem mapeamento, sem diagnóstico. E o TI Rio está contribuindo muito para que possamos desenvolver políticas de fomento e inovação que ajudem o ecossistema a se desenvolver e a diversificar a economia do Rio de Janeiro, não só na capital, mas em todo o estado”, afirmou Medina.
Na mesma linha, Diones Lima, vice-presidente executivo da Softex, entidade parceira do TI Rio na realização do estudo, reforçou que o mapeamento oferece dados concretos e informações confiáveis que permitem formular políticas mais precisas e eficazes.
“Hoje conseguimos formular políticas públicas a partir de dados concretos e informações confiáveis, o que permite que gestores públicos desenvolvam estratégias consistentes para um setor tão pujante e portador de futuro para o Rio de Janeiro”, destacou Diones.
Interiorização da inovação
Outro destaque do mapeamento é o movimento de interiorização do setor, que evidencia o crescimento da atividade de inovação fora da capital. O estudo mostra que cerca de 30% das empresas de tecnologia do estado estão localizadas no interior, o que consolida a tecnologia como um vetor de desenvolvimento regional e diversificação econômica.
Essa tendência é reforçada pelo coordenador regional do Sebrae na Região Centro-Sul, Jorge Pinho, que vê o levantamento como um importante estímulo ao fortalecimento das governanças locais e regionais. “O estudo sinaliza diversas oportunidades e mostra caminhos concretos para o fortalecimento dos ecossistemas regionais”, afirmou Pinho, ressaltando a importância da articulação entre empresas, universidades e instituições públicas.
Universidade e protagonismo histórico
O lançamento do mapeamento também reforçou o papel histórico da PUC-Rio no desenvolvimento tecnológico do país. Foi ali, no prédio RDC, que foi instalado o primeiro computador do Brasil e se estruturou o primeiro curso de informática do país. Realizar o evento nesse espaço teve, portanto, um significado simbólico e estratégico.
O coordenador de Parcerias e Inovação da universidade, Gustavo Robichez, destacou a relevância do estudo e o papel da universidade na formação de pessoas e no fortalecimento do ecossistema.
“É um privilégio para a universidade participar desse momento ao lado do TI Rio e da Softex. O estudo traz dados fundamentais sobre um setor pioneiro e estratégico. Ele serve de referência para ações integradas, para políticas de fomento e para o acompanhamento da evolução do setor ao longo do tempo. E, acima de tudo, reforça o papel da PUC na formação de capital humano, transformar vidas e transformar o social é o grande papel da universidade”, afirmou Robichez.
Um estudo em constante evolução
A entrega do Mapeamento do Setor de TI do Estado do Rio de Janeiro 2025 representa uma contribuição densa e significativa para o entendimento do ecossistema tecnológico fluminense. O estudo não apenas apresenta números, mas traduz um panorama detalhado das dinâmicas que moldam o setor, seus avanços, desafios e caminhos futuros.
De acordo com Alberto Blois, o mapeamento não se encerra com o evento de lançamento.
“Hoje não é o final de um projeto, ao contrário, é o início de um ciclo. É o start para fazermos o refinamento desse mapeamento, inserir novos dados e criar recortes regionais em diferentes partes do estado. A ideia é que o estudo esteja sempre em constante evolução, tornando-se cada vez mais fiel ao cenário tecnológico do Rio de Janeiro”, afirmou Blois.
Prêmio TI Rio de Inovação
O evento também foi marcado pela entrega da primeira edição do Prêmio TI Rio de Inovação, criado com o propósito de reconhecer e valorizar iniciativas que impulsionam o ecossistema tecnológico fluminense.
A premiação destacou empresas, startups e instituições que se sobressaíram em liderança inovadora, desenvolvimento de comunidades tecnológicas, impacto social e práticas sustentáveis.
O prêmio foi dividido em quatro categorias principais:
- Empresa Líder em Inovação: reconhece empresas que se destacam pela capacidade de criar soluções tecnológicas de alto impacto e pelo protagonismo em inovação dentro do estado.
- Hubs | Comunidades: valoriza iniciativas coletivas que fortalecem a colaboração entre empresas, universidades, startups e governos.
- Startup Destaque: premia negócios emergentes que oferecem soluções inovadoras com potencial de crescimento e transformação de mercado.
- Case Inspirador ESG + Inovação: reconhece projetos que integram inovação tecnológica a práticas sustentáveis e de responsabilidade social.
Os vencedores da primeira edição foram:
- Empresa Líder em Inovação: Alterdata Tecnologia em Informática
- Hubs | Comunidades: Serratec – Parque Tecnológico da Região Serrana
- Startup Destaque: Delivery das Favelas
- Case Inspirador ESG + Inovação: TCS Industrial – Naves do Conhecimento
O presidente do TI Rio, Alberto Blois, destacou que o prêmio reflete a maturidade, diversidade e força do setor fluminense, ao reconhecer talentos e iniciativas de diferentes regiões do estado.
“O Prêmio TI Rio de Inovação mostra o grau de maturidade do nosso setor e celebra o protagonismo de quem está fazendo a diferença em todo o estado. É um reconhecimento coletivo, que integra empresas, startups, comunidades e instituições em um mesmo propósito, o de fortalecer o ecossistema de tecnologia do Rio de Janeiro”, afirmou Blois.
Texto: Bruno Nasser