Em 2013, a aceleradora Artemísia identificou 1.200 startups com potencial para ser aceleradas, e metade era do segmento de educação. Trabalhou com cerca de 20. “Há pouco mais de três anos, nem de longe o cenário seria esse”, diz Renato Kiyama, diretor de aceleração. “Porém, uma avaliação do cenário internacional e das demandas do Brasil sinalizava que a educação ofereceria boas oportunidades. Hoje, 60% do portfólio da aceleradora é composto por startups com foco em educação.
Para Maria Rita Spina Bueno, diretora executiva da Anjos do Brasil, há um universo imenso a ser explorado no país na área de educação e muita coisa a ser aprendida pelos investidores. “A maioria dos investidores anjo não tem ligação com educação, o que dificulta a curva de entendimento e retarda os aportes”, afirma a executiva. “Estima-se que hoje de todas as empresas investidas, apenas 5% estejam na área de educação, um percentual que tende a crescer muito num futuro próximo. A cada dia mais startups com foco nesta área nos procuram em busca de investimentos.” Segundo ela, ainda tem mais semente do que fruto, cenário típico de um mercado que ainda está se consolidando.
Os especialistas sinalizam que há oportunidades de investimento, principalmente, em três nichos: mercado de aulas, plataformas que apoiam o aprendizado e plataformas que simplificam a criação de escolas on-line. Todavia, o olho se torna mais atento para projetos mais divertidos e menos tradicionais, como os que ajudam a acelerar o aprendizado por meio de jogos ou via smartphone. O empreendedor Sami Iàsbeck já confirmou isso. A Qranio, criadora de um social game multiplataforma, que une educação e entretenimento, já recebeu aportes da Wayra Brasil, aceleradora global do Grupo Telefônica, que trabalha para identificar e reter talentos no país nas áreas de inovação e tecnologia, e do investidor anjo Gui Afonso.
A ideia, nascida em fevereiro do 2011, demorou oito meses para se concretizar e entrar no ar. Capaz de rodar em 10 diferentes plataformas, entre elas, smartphones, web e até SMS, o jogo baseia-se em um quiz com uma série de perguntas, dos mais variados assuntos, de história a esportes, passando por cultura, tecnologia e artes. A cada resposta certa, o usuário recebe uma quantidade de Qi$, espécie de moeda virtual, cujo valor varia de acordo com o nível de dificuldade da questão. Acumulando pontos, pode trocá-los por roupas, produtos de beleza e de decoração, hospedagem, jantares e celulares de mais de mil empresas parcerias no Brasil e no exterior.
Os números são surpreendentes: 1 milhão de usuários inscritos, 14 milhões de perguntas respondidas e mais de 5 mil prêmios distribuídos. O faturamento deve chegar a R$ 3 milhões este ano.
A expectativa, contudo, é que em 2015 estes números sejam bem maiores, algo em torno de R$ 1 milhão por mês, em decorrência do lançamento de um aplicativo nos mesmos moldes em parceria com grandes clubes de futebol. Os primeiros a abraçar a proposta foram os brasileiros Flamengo e América Mineiro, além do Benfica de Portugal.
Iàsbech não esconde que a ideia da Qranio surgiu da sua própria falta de interesse pelo estudo. “Eu achava muito chato e desnecessário ir todo dia à escola, mas sempre gostei de aprender sobre as coisas”, conta. “Aliando conhecimento ao jogo, a tarefa fica mais divertida e produtiva.” Hoje, a empresa atua no Brasil, tem escritório em Portugal, em parceria com a Portugal Telecom, em julho inaugurará a base de Miami e, ainda este ano, deverá colocar os pés em Pequim. A ambição é grande. Até 2017, Iàsbech quer que o jogo da Qranio se torne o aplicativo referência em educação, marcando presença na primeira tela dos dispositivos móveis de todo o mundo.
Site: Valor Econômico
Data: 30/05/2014
Hora: 05h
Seção: Empresas
Autor: Katia Simões
Link: http://www.valor.com.br/empresas/3567980/aceleradoras-ja-descobriram-o-filao-de-negocio